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Cristãos refletem a essência do Sábado Santo

Publicado em: março 27th, 2024|Categorias: Notícias|Views: 512|

Enquanto os cristãos de todo o mundo comemoram a Semana Santa, a ACN recorda os desafios que os cristãos enfrentam na Terra Santa, em Gaza, mas também na Cisjordânia e em Jerusalém. Numa entrevista durante a sua visita à sede internacional da Fundação Pontifícia ACN, o Abade Nikodemus Schnabel da Abadia da Dormição, de Jerusalém, descreve como os cristãos da região irão viver a Paixão de Cristo e instiga os crentes de todo o mundo a refletirem sobre a situação dos cristãos na Terra Santa.

Durante a Semana Santa, os cristãos de todo o mundo são lembrados do sofrimento e do sacrifício de Jesus Cristo. Afinal a Terra Santa, muitas vezes considerada como o quinto Evangelho, tem um significado imenso para os cristãos. “Se estamos lendo a Paixão, se estamos na Semana Santa, nossos pensamentos vão para a Terra Santa, para Jerusalém”, diz o Abade Nikodemus.

Ele recorda que os católicos, na sua maioria migrantes e requerentes de asilo – que descreve como “escravos modernos” – estavam entre os mortos no ataque do Hamas em 7 de outubro. “E por outro lado, o que está acontecendo agora em Gaza? Para nós, como cristãos, é uma catástrofe. Até hoje, perdemos 27 membros que foram mortos. Estamos falando de seres humanos. Estamos falando de uma catástrofe para os dois lados, porque a coisa mais horrível que as pessoas podem fazer é matar outras pessoas, porque esse é o maior pecado que você pode cometer”, enfatiza.

Como os cristãos vão viver a Sexta-feira Santa

O Abade Nikodemus chama a atenção para o significado da Sexta-feira Santa no momento difícil que os cristãos desta região vivem atualmente. Ele afirma: “A Sexta-feira Santa tem um significado muito forte porque você vê o sofrimento, nós vemos a cruz. Durante uma hora de vigília de oração em nossa igreja, rezamos todos os Salmos e chamamos a celebração de ‘a Igreja sob a cruz’. Este é o nosso lugar como cristãos, nós somos a Igreja sob a cruz”.

“Sábado Santo – tempo de desespero e sofrimento invisível”

No entanto, o abade também fala sobre a situação dos cristãos na Cisjordânia e em Jerusalém, onde “não se pode ver a cruz, porque as casas não foram bombardeadas, não há sofrimento visível, não há imagens que falem ao seu lado emocional”. Pode não haver destruição visível ou imagens de sofrimento que atraiam a atenção do mundo, mas “eles estão realmente em circunstâncias muito difíceis agora. Eles são o grupo mais vulnerável. A experiência deles reflete a essência do Sábado Santo – um tempo de desespero e sofrimento invisível”, diz ele.

O impacto econômico da guerra que dura desde outubro tem sido particularmente duro para os cristãos da região, que dependem fortemente do turismo de peregrinos para a sua subsistência. “Muitos cristãos trabalham como motoristas de ônibus, proprietários de restaurantes, funcionários de hotéis ou guias turísticos”, explica o Abade Nikodemus. “A falta de peregrinos, então, resultou numa catástrofe econômica para eles”.

O perigo de se tornar uma “Disneylândia Cristã”

O Abade Nikodemus adverte contra o perigo de reduzir a Terra Santa a um mero destino turístico. “Não se trata de uma Disneylândia. E este é realmente o medo: que a Terra Santa possa se tornar uma espécie de Disneylândia cristã para os peregrinos. Claro, temos as igrejas, temos os lugares sagrados. Você pode ter peregrinações maravilhosas sem ser perturbado com a realidade das pessoas. Você tem as pedras que lembram a fé da encarnação, que Jesus realmente se tornou homem. Mas também temos as pedras vivas, os cristãos que vivem lá. E eles estão realmente em circunstâncias muito difíceis agora, eles se sentem sozinhos “, explica.

A Abadia da Dormição, localizada em Jerusalém, também sentiu as repercussões do declínio no número de peregrinos. Apesar da ausência de turistas, a abadia priorizou o apoio ao seu pessoal cristão de Belém. “Nos sentimos responsáveis por eles, embora representem um desafio financeiro significativo para nós”, diz o Abade Nikodemus.

Olhando para a Páscoa, o Abade Nikodemus sublinha a sua importância como prova de fé. “A Páscoa é importante porque é o momento chave para saber se realmente confiamos em Deus e se realmente acreditamos no que celebramos. Depois da catástrofe, estamos esperando a Páscoa? Acreditamos realmente na redenção?” ele questiona. “Como cidadão racional deste mundo, só consigo ver guerra, sofrimento, ódio, violência. Mas, como homem de fé, confio que meu Deus pode redimir, salvar este mundo, curar e criar uma nova vida. Perdão. Misericórdia. Afinal é isso que celebramos na Semana Santa e na Páscoa. Espero para todos os cristãos que haja um novo começo e uma nova esperança, uma nova vida”. Enquanto os cristãos de todo o mundo celebram a Páscoa, a ACN apela à oração, à solidariedade e ao apoio aos nossos irmãos e irmãs na Terra Santa.

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