A situação dos cristãos na Síria varia conforme a região, segundo fontes locais. Muitos cristãos receberam com otimismo cauteloso as promessas do governo de transição de respeitar a liberdade religiosa.
Líderes cristãos na Síria buscam por igualdade de direitos
Líderes cristãos na Síria demonstraram interesse em colaborar com o governo provisório após a queda do regime de Bashar al-Assad, com o objetivo de construir uma Síria nova, baseada na igualdade de direitos para todos.
De acordo com fontes da ACN, os cristãos desejam ter um papel ativo no futuro do país e se opõem à ideia de serem tratados como uma minoria religiosa necessitada de tratamento especial. "Eles não querem ser definidos como minorias, para não perderem a representação na nova constituição e nas instituições do Estado. O foco é na igualdade de direitos", explicou uma fonte da ACN, que pediu anonimato por motivos de segurança.
Encontros de alto nível entre líderes cristãos na Síria e o novo governo
Já ocorreram várias reuniões entre os líderes cristãos na Síria e o novo governo, com autoridades garantindo que os direitos dos cristãos serão integralmente respeitados.
A queda do regime de Bashar al-Assad em dezembro de 2024 surpreendeu o mundo, após quase 14 anos de guerra civil. Inicialmente, os cristãos estavam preocupados, pois alguns dos novos governantes têm vínculos com grupos jihadistas, inicialmente afiliados à Al-Qaeda.
Promessas do governo de transição e preocupações com a liberdade religiosa
O governo de transição prometeu respeitar a liberdade religiosa, mas incidentes esparsos em várias partes do país têm gerado desconfiança entre a comunidade cristã. Fontes locais informaram à ACN que a situação é diferente de região para região, não sendo possível generalizar os acontecimentos de forma positiva ou negativa.
"Em Damasco, há uma pressão para que os antigos rebeldes sejam mais pacíficos e mantenham uma imagem positiva. No entanto, ainda ocorrem incidentes, como mulheres sendo instruídas a usar o véu ou a separação de homens e mulheres nas ruas. O mesmo ocorre em Aleppo", relatou uma fonte da ACN.
Radicalização local e a imposição de regras rígidas
A falta de uma autoridade central forte permitiu que pequenos grupos ou indivíduos impusessem medidas radicais, como a segregação nos transportes públicos ou a obrigatoriedade do uso do véu pelas mulheres. Em alguns casos, as pessoas adotam essas práticas por medo de criar conflitos ou atrair atenção negativa.
Em outras cidades, como Homs e Hama, a situação é mais grave. "Essas áreas são misturadas, com dez religiões coexistindo, o que dificulta a convivência. Durante a guerra, as ruas ficaram perigosas. Os cristãos evitam sair após as 17h, com medo de encontrar jihadistas que chamam para a conversão ao Islã e obrigam mulheres a se cobrir", explicou a fonte da ACN.
O Vale dos Cristãos e a perseguição religiosa
O Vale dos Cristãos, uma região exclusivamente cristã, é pacífico, mas o acesso às estradas pode ser perigoso devido à presença de grupos armados que impõem bloqueios e assediam os cidadãos. "Cristãos que se recusam a se converter ao Islã são expulsos dos bloqueios e perdem seus bens", informou uma fonte local.
Apesar das incertezas, a maioria dos cristãos na Síria mantém um otimismo cauteloso. "Estamos felizes com a queda do regime de Assad e esperamos um país melhor, mas sabemos que a mudança não é garantida, especialmente para os cristãos na Síria", disse uma fonte da ACN.
Mesmo com o cenário de incerteza, a ACN continua a apoiar projetos em várias regiões da Síria e está disposta a expandir suas ações, pois as necessidades da comunidade cristã continuam significativas, com muitos cristãos enfrentando dificuldades financeiras e desemprego.
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