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Cristãos iraquianos começam uma nova vida

Publicado em: agosto 13th, 2021|Categorias: Notícias|Views: 844|

Sete anos após a invasão do grupo do Estado Islâmico, jovens cristãos iraquianos voltam para sua terra natal.

Seis de agosto de 2014 é um dia que os cristãos iraquianos não conseguirão apagar de sua memória. Em uma noite fatídica, o grupo Estado Islâmico (EI) varreu a planície de Nínive e milhares de famílias foram forçadas a fugir para salvar suas vidas. Com pouco mais do que as roupas do corpo, eles chegaram a Erbil, capital do Curdistão, deixando tudo para trás. A vida de muitos jovens cristãos iraquianos mudou naquele dia, incluindo a de Rita e Rami.

Tudo nesta região iraquiana, localizada ao norte e leste de Mosul, se divide em “Antes do EI” ou “Depois do EI”. Este é o caso de Karamlesh, uma vila cristã importante para os católicos caldeus porque foi o lar de três patriarcas caldeus. “Antes do EI” tinha cerca de quatro mil residentes. Quase todos fugiram antes da chegada dos terroristas. O pároco foi um dos últimos a sair.

O grupo Estado Islâmico impôs um reinado de terror em Karamlesh, usando a vila como uma base importante em sua batalha contra os combatentes curdos, os peshmerga e as forças iraquianas. Na aldeia, foram cavados túneis para que os combatentes do EI pudessem se locomover, inclusive sob a Igreja de São José e o Santuário de Santa Bárbara.

Cristãos iraquianos deixaram seus lares

A Igreja de Santo Adday foi incendiada, a sacristia destruída e o cemitério vandalizado. Os combatentes do EI estavam alojados nas casas da cidade, que eram conectadas entre si por buracos feitos nas paredes e através de túneis. Inesperadamente o jardim de infância era usado como fábrica de armas.

Rami e Rita estavam entre os milhares de cristãos que fugiram de Karamlesh e encontraram refúgio em Erbil. Mas os dois mal se conheciam na época. Rami tinha 22 anos e encontrou abrigo em um dos campos que a Igreja estabeleceu para famílias deslocadas. Enquanto isso Rita, que tinha apenas 16 anos, ficou em uma casa alugada com sua família. Um dia Rita visitou o acampamento onde Rami estava hospedado e, afinal, conheceu o jovem. Os dois se tornaram amigos durante esse período difícil.

Em 24 de outubro de 2016, o exército iraquiano libertou Karamlesh. Antes de fugirem, os militantes do EI deixaram mensagens de ódio por toda parte, em portas e paredes. Eles saquearam ou destruíram tudo; ataques aéreos pelas forças de libertação foram somados à destruição.

Hora dos cristãos iraquianos retornarem

Rami foi o primeiro a retornar a Karamlesh com sua família. Muito rapidamente, a aldeia viu a vida renascendo. Enfim as cruzes voltaram às cúpulas de algumas das principais igrejas. Estradas, escolas e igrejas foram reconstruídas. Logo, Rita também voltou. Afinal, aos poucos, a vida na aldeia recomeçou; entre as lojas que reabriram estavam duas barbearias e uma padaria.

“Os habitantes locais são muito amigáveis e pacíficos”, explicou Rami. “É por isso que nunca suspeitamos que algo tão terrível pudesse nos acontecer. O grupo Estado Islâmico transformou nossas casas em instalações militares. A Igreja de Santa Bárbara tornou-se sua sede. ”

No geral, quase metade das famílias voltou, embora muitos tenham visto os membros permanecerem na capital ou deixarem o país. Atualmente, apenas um terço dos residentes está de volta a Karamlesh. Em muitas casas, ainda há muitas cadeiras vazias em volta da mesa da família.

Uma nova família cristã

Rami e Rita decidiram, no entanto, dar um passo adiante. Eles fizeram ousadamente o que até então parecia impossível, quando tiveram que desistir de tudo e fugir, vivendo primeiro como deslocados e depois recomeçando do zero: decidiram ficar e começar uma nova família.

“Nossa vida não é isenta de riscos, mas a vida não para, com risco ou sem risco. Temos que continuar ”, disse Rami à ACN.

Casamento de cristãos iraquianos

Eles foram o primeiro casal a celebrar seu casamento no Centro Caldeu São José. Antes da chegada dos jihadis, a instalação era usada para vários fins: casamentos, velórios, conferências, filmes, debates, exposições, atividades juvenis e muito mais. Mas também foi usado para celebrações por famílias de muitas aldeias vizinhas e pelo Shabak, uma minoria étnica e religiosa que vivia em Karamlesh.

Entretanto o grupo Estado Islâmico deixou o prédio muito danificado: o telhado foi danificado, o sistema de ventilação, instalações de saneamento, energia elétrica, encanamento, cozinha e sistema de telefone. . . tudo estava inutilizável. As paredes dos andares superiores foram quebradas porque os terroristas as usaram para atirar na vasta planície.

 

Ajuda da ACN para reconstrução

Com a ajuda dos benfeitores da ACN, que com suas doações ajudaram os cristãos iraquianos a sobreviverem desde a invasão terrorista e também a recuperar o Centro São José, muito da tristeza ficou no passado. Rami e Rita afinal puderam inaugurar o Centro São José e celebrar seu casamento no lugar onde nasceram, o lugar que perderam e depois recuperaram. Jovens e idosos brindaram ao casal em meio a danças tradicionais iraquianas. Sete anos depois que o medo e a morte dominaram Karamlesh, uma nova vida e esperança estão criando raízes.

“Na parede da igreja, eles [os terroristas] escreveram: ‘Não haverá mais Cristianismo no Iraque’. Mas eles não tiveram sucesso. Graças a Deus, nós, católicos iraquianos, estamos de volta”, diz Rami.

Muito ainda precisa ser feito para ajudar os cristãos no Iraque e tantos outros que sofrem a perseguição ainda hoje. Por isso a ACN continua sua missão e conta com a doação de pessoas como você. Clique aqui para fazer sua doação!

Assista também ao documentário produzido pela ACN sobre os cristãos no Iraque:

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3 Comentários

  1. DENISE MAria Llano CabreraRIA LLANO CABRERA 13 de agosto de 2021 at 13:40 - Responder

    Que maravilha que Rami e Rita puderam refazer suas jovens vidas, e construir um lar cristão, para maior glória de Deus.🙏🙏🙏👍

  2. Roberto Nogueira Giosa 13 de agosto de 2021 at 13:40 - Responder

    Por que o texto se dirige aos católicos como cristãos? Evidentemente católico é cristão mas por que essa generalização? Há outras ramificações do cristianismo lá?

    • ACN 13 de agosto de 2021 at 16:12 - Responder

      Olá Roberto.
      Exatamente. Existem, como aqui no Brasil, muitas outras comunidades cristãs no Iraque: caldeus, siríacos, armênios, latinos, melquitas, ortodoxos, protestantes…
      Muitos projetos de ajuda emergencial foram realizados, contribuindo com toda essa comunidade cristã que sofreu duramente a perseguição de islamistas, como do grupo Estado Islâmico.

      Espero ter ajudado.
      Deus o abençoe,
      Diácono Bruno

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