Permita-me compartilhar convosco uma inquietação que me acompanha e se ajusta muitíssimo bem no contexto de fim de ano: vivemos num mundo de muitas coisas e de poucas relações.
De certo modo, é como se colocássemos nós mesmos em cativeiro, reféns por escolha própria das coisas que nos cercam. Muitas vezes nos encontramos aprisionados a coisas tão pequenas e relativas, que passam a nos controlar e até mesmo a nos definir.
Consequentemente, já não temos tempo para estarmos uns com os outros e, quando buscamos estar, estabelecemos de imediato um protocolo a ser cumprido, excluindo a possibilidade do improviso, da criatividade e das surpresas, especificações recorrentes da ação divina. Gosto do ditado que exprime perfeitamente o que eu estou tentando dizer: “O coração humano projeta o caminho, mas é o Senhor quem dirige os passos.” Pr 16,9.
Por acaso, você ainda se lembra dos planos e metas do início deste ano? Alguns deles ficaram para trás já nos primeiros dias de 2024. Outros começaram como muito importantes e logo se tornaram insignificantes. Veja quantas incertezas e indecisões. Queremos encontro, mas fomentamos desencontros. Deus já havia dito pelo profeta Isaías o quanto buscamos respostas longe, em outro lugar que não nEle (cf. Is 55,9).
Não viemos a esta vida para simplesmente termos coisas
O ser humano nasceu para viver em relação e não vai se realizar plenamente longe desta sua característica ontológica. A expressão “viver para amar”, muito usada dentro das nossas comunidades, precisa ser mais que uma expressão, precisa ser um projeto de vida feliz. Pois nascemos por amor, nascemos para amar.
E não é problema ter coisas, porém, nós não somos coisas, não viemos a esta vida para simplesmente termos coisas. Também não nos definimos através das coisas que consumimos. Todas as coisas estão a nosso serviço e não nós a serviço das coisas.
Já estamos no fim de mais um ano. Busque na sua intimidade um momento para rezar e refletir, prescrutando no coração a resposta para estas duas perguntas: Quais relações estou cuidando? Que coisas tenho buscado? Talvez seja o momento de realizarmos uma profunda mudança na hierarquia de valores de nossas vidas.
Que Deus nos ajude em mais essa empreitada.
Frei Rogério Lima
Assistente Eclesiástico Nacional
Eco do Amor
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BOM DIA AMIGOS DA A C N para continuarmos a nossa aproximidade como podemos tratar num ponto de um conteúdo mandado por vocês no meu e-mail sobre hierarquia de valores num mundo em que a matemática influencia a muitos
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