Onde se encontra sentido para o sofrimento?

O mundo olha com preocupação para o Oriente Médio, para a Europa e para aquelas potências que influenciam os acontecimentos por trás dos bastidores. Mas queremos dirigir a sua atenção, as suas orações e a sua ajuda também às outras regiões do mundo, menos lembradas, especialmente o continente africano.

As tantas formas de sofrimento, muitas vezes indescritível, leva à pergunta: “De onde vem tudo isso?”, “Por que, meu Deus, coisas tão terríveis acontecem às pessoas – tortura, assassinato, morte?” O mysterium iniquitatis, o mistério do mal, do qual São Paulo fala na Segunda Carta aos Tessalonicenses, não pode ser solucionado pelo homem. Ele não pode ser completamente decifrado por nós e sempre permanecerá um mistério, qualquer que seja a abordagem.

A pergunta pelo “porquê” é insuficiente e não é capaz de penetrar até a sabedoria sobrenatural de Deus. Em vez disso, deveríamos perguntar: “Meu Deus, onde se encontra um sentido para isso? Existe esperança de superar o mal? Por qual meio o sofrimento pode adquirir sentido?”

Diante dessas perguntas somos radicalmente remetidos à Cruz de Cristo, que para nós, cristãos, é o Caminho, a Verdade e a Vida. Ali, na Cruz, o pecado, a morte e o diabo são derrotados e encontram o seu fim. Junto ao Crucificado, contemplamos como as feridas, o sofrimento, a tortura mais cruel, todo o mal que se enfurece contra Ele e até mesmo a morte, são enfim tragados pelo amor. Em seu maior abandono, Jesus ainda se preocupa com João e Maria, com o ladrão ao seu lado, e reza por aqueles que o crucificam: “Pai, perdoa-lhes! Eles não sabem o que fazem!” (Lc 23,34). Numa insondável fé e confiança, o Filho morre nas mãos do Pai e se abandona completamente a Ele. A resposta é a Vitória da Páscoa.

A partir de uma profunda compreensão do mistério da Cruz e da Vitória Pascal, São Paulo formula: “Alegro-me nos sofrimentos que tenho suportado por vós e completo na minha carne o que falta às tribulações de Cristo, em favor do seu Corpo, que é a Igreja” (Cl 1,24). Essa declaração não nos dá a resposta do “porquê”; mas antes, na Sabedoria de Deus, se define o lugar da nossa esperança e da procura do sentido da vida, de que tanto necessitamos nestes tempos. Rezemos por todos aqueles que sofrem e os ajudemos para que ninguém fique sem a esperança e o consolo da Cruz.

Pe. Anton Lässer
Assistente Eclesiástico Internacional