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Mais de 60 cristãos mortos em dois meses na Nigéria

Publicado em: julho 19th, 2022|Categorias: Notícias|Views: 1686|

Pelo menos 68 cristãos foram mortos, e muitos mais sequestrados ou deslocados, nos últimos dois meses no estado de Benué, região central da Nigéria. A ACN “tem sido uma fonte de luz em um vale de trevas”, diz Dom Wilfred Anagbe.

Em um relatório enviado à ACN, o bispo de Makurdi, uma das dioceses do estado de Benué, reclama da falta de ação do governo federal e enumera as terríveis necessidades de milhares das 1,5 milhão de pessoas que foram expulsas de suas casas. “Naturalmente, ter que conviver com essa situação tem sido muito terrível para mim e meu povo”, diz Dom Wilfred Chikpa Anagbe.

Em dois meses a situação, que já era tensa, se agravou ainda mais

No centro do problema estão os ataques persistentes de terroristas da tribo Fulani, majoritariamente muçulmana, contra comunidades agrícolas predominantemente cristãs na região central da Nigéria. As razões para os ataques nos últimos dois meses são complexas. Conflitos entre pastores nômades e agricultores assentados datam de séculos, mas o influxo de armas de fogo de alta qualidade nos últimos anos tornou os ataques muito mais mortais e destrutivos.

A dimensão religiosa agrava a situação em um país dividido igualmente entre um sul majoritariamente cristão e um norte majoritariamente muçulmano, com a maioria dos confrontos ocorrendo na região central, que também possui as terras mais férteis. Segundo o bispo, os terroristas se disfarçam de pastores nômades para encobrir a verdadeira intenção de seus ataques, que é expulsar os cristãos de suas terras.

Abastecimento de alimentos, educação e cuidados pastorais afetados

A situação causou “uma escassez de alimentos insuportável e severa”, diz o bispo, explicando que “o Estado de Benué é conhecido por ser a fonte de alimentos da nação. Mas o terrorismo afetou a situação do abastecimento de alimentos”. Como resultado, os agricultores que normalmente podiam sustentar a si mesmos e suas famílias, agora estão tendo que sobreviver com caridade.

“Essa precariedade faz com que muitos vivam em condições incompatíveis com a dignidade humana. Muitas vezes eles contam com rações alimentares fornecidas por outros, cuja condição econômica não é nada melhor”.

Ajuda e esperança para os deslocados

Makurdi abriga atualmente 80% dos deslocados no estado de Benué e, apesar das dificuldades financeiras, a Igreja local fez o possível para aliviar o sofrimento e a necessidade, fornecendo assistência alimentar e bens essenciais. Recentemente, a Comissão de Justiça, Desenvolvimento e Paz distribuiu alimentos e roupas para mais de 1.800 pessoas em apenas um campo. A diocese também oferece bolsas de estudo para dezenas de crianças deslocadas, para que não percam a oportunidade de estudar.

No entanto, a instabilidade da região às vezes dificulta. O próprio bispo diz que “há alguns anos não consigo realizar atividades pastorais em partes da minha diocese”.

“Ao lado de todas as iniciativas acima, não esquecemos o cuidado pastoral que essas pessoas merecem. Há uma paróquia em algumas das áreas de assentamento que atende às necessidades espirituais dos deslocados”, conclui o bispo, acrescentando que ainda espera comprar uma clínica móvel para ajudar a atender às necessidades de saúde e psicossociais dos deslocados.

Uma fonte de luz em um vale de escuridão

Os problemas com os pastores Fulani, grupos armados e extremistas islâmicos na Nigéria vêm acontecendo há vários anos, mas a Igreja se queixou de que a falta de ação do governo piorou a situação.

Segundo o bispo, “a escala de assassinatos, deslocamentos e destruição arbitrária de propriedades por essas milícias jihadistas Fulani apenas reforça a agenda, agora revelada, de despovoar as comunidades cristãs na Nigéria e tomar terras. O governo no poder na Nigéria continua a não fazer nada sobre esses ataques persistentes. Exceto para dar razões risíveis como ‘mudança climática’ ou que alguns muçulmanos também são às vezes mortos em ataques dos chamados bandidos.”

Abandonada pelas autoridades locais, a Igreja agradece o apoio que recebeu da ACN, que Dom Anagbe descreve como “uma fonte de luz em um vale de trevas”. A fundação continua a apoiar os cristãos na Nigéria que sofrem com a pobreza e a perseguição. Assim, em 2021, a fundação pontifícia internacional financiou 105 projetos em diferentes áreas. A ACN também fornece uma plataforma de informação sobre o sofrimento dos cristãos. Além disso, apoia os representantes da Igreja local na participação em eventos internacionais sobre questões como a liberdade religiosa e a perseguição dos cristãos.

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