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Bispo fala sobre vida em Kharkiv, Ucrânia

Publicado em: maio 16th, 2022|Categorias: Notícias|Views: 686|

Pavlo Honcharuk, Bispo de Kharkiv-Zaporijia, fala à ACN sobre a vida em Kharkiv e a situação da segunda maior cidade da Ucrânia.

Dois meses após o início da guerra, os ataques russos estão se concentrando mais no leste e no sul da Ucrânia. Afinal a vida em Kharkiv, a segunda maior cidade da Ucrânia, localizada no leste, está se tornando cada vez mais perigosa. Nas últimas semanas, inesperadamente a área industrial de Kharkiv foi alvo de bombardeios, deixando pelo menos 10 pessoas mortas e 35 feridas. Vários edifícios residenciais no distrito e seus arredores também foram danificados ou destruídos.

Dom Pavlo Honcharuk, que permanece na cidade para cuidar da população, resumea situação em duas palavras: “choque e dor”. Em entrevista à ACN, ele descreve como é horrível “ver pessoas, idosos, deficientes, escondidos em porões”. Todos os dias o bispo é exposto a situações terríveis, mas algumas deixam uma marca mais profunda do que outras. “Lembro-me de ver uma garotinha, por volta dos cinco anos, parada, petrificada, diante do corpo de um ente querido na rua, incapaz de se mexer. Um sentimento de terror, medo e completa impotência paira sobre tudo.”

A vida em Kharkiv está cada vez mais perigosa

Após um recente bombardeio de uma área residencial, Dom Pavlo foi verificar os danos – usando capacete e colete à prova de balas por cima da batina – e enviou um vídeo à ACN explicando que “esta era uma das áreas mais densamente povoadas do Kharkiv. Aliás agora não há nada além de silêncio e destruição.”. Com o som das explosões ao fundo, ele conclui: “Oramos a Deus que nos proteja e que tudo isso acabe. Podemos ouvir os sons de tiros e explosões constantemente. Então essa é a situação do momento”.

Em outro pequeno vídeo, o bispo mostra o que resta de casas destruídas por ataques anteriores. “Este é um apartamento, ou melhor, era. Mas não há mais nada, tudo está queimado. Isso costumava ser um banheiro e uma cozinha, e isso é o que resta de uma geladeira. Aqui é a varanda. Todas as árvores foram destruídas”. Então, com uma tristeza tingida de ironia, acrescenta: “Como dizem, visam apenas a infraestrutura militar”.

Desde o início da guerra, este jovem bispo de rito latino, que há dois anos dirige a diocese de Kharkiv-Zaporizhzhya, se concentra em ajudar a população. Ele conta à ACN sobre a sua rotina diária. “Além da oração e da missa diária, na maioria dos dias tentamos alcançar as pessoas nos bunkers, para entregar ajuda humanitária. Carregamos carros e circulamos pela cidade, que parece deserta, conversamos com as pessoas e as consolamos.” Das 9h00 às 16h00. ele realiza este trabalho que é “incrivelmente exaustivo, fisicamente, mas principalmente mentalmente, devido ao estresse constante”.

Destruição por toda parte

“Nossa igreja está danificada – todas as janelas quebraram por causa da pressão durante um ataque aéreo. Agora nós o usamos como depósito de suprimentos humanitários. Rezamos em uma pequena capela. Pelo menos podemos enterrar todos os nossos mortos, graças a Deus.”

As igrejas não são refúgios seguros durante os ataques aéreos, a menos que tenham um porão robusto, diz o bispo, porque os locais sagrados não são mais respeitados do que quaisquer outros alvos civis. “Nada é mais sagrado”, explica.

Falando das defesas da cidade, o bispo explica que as mães e os filhos menores foram levados para a segurança, enquanto os pais e os meninos mais velhos ficaram para defender suas casas e seu país. Apesar dos bombardeios, Dom Pavlo nem pensa em sair, agora sua vida em Kharkiv é muito necessária. “Enquanto houver crentes na cidade, permanecerei com eles. Deus, e minha fé, me dê forças para isso. Nós – os padres – não estamos armados. Somos homens da Igreja. Nossas armas são a Palavra de Deus e a oração”. Se você quiser ajudar a Ucrânia, clique aqui e faça a sua doação pela ACN.

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