Swetha pertence também à casta mais baixa, os dalits. Ela não sabe dizer quantos anos tem – pois os dalits raramente têm documentos. Eles são amplamente excluídos da sociedade – essa é a primeira discriminação. Quando um dalit se torna cristão, ele perde até mesmo o apoio que o Estado reserva para os mais pobres entre os pobres – esse é o segundo tipo de discriminação.

Swetha dá a impressão de estar na casa dos trinta. A pobreza e uma briga de vários anos com o amrido a desgastaram. Seria um desprezo pelas mulheres, enraizado nos costumes? Ou ciúme da fé que se tornou tão importante para ela? Swetha não sabe ou não quer revelar isso. Uma coisa é certa: na Índia mulheres valem bem menos que homens. Essa é a terceira discriminação. Swetha suportou muita coisa: espancamentos, dores, desespero. Mesmo assim, ela quer permanecer católica – e ficar com seu marido. “Quando ele me bateu na cabeça com um objeto pesado, fiquei inconsciente.” Swetha não deixou seu marido. “Minha fé me deu força. Pouco depois voltei à igreja, não só aos domingos, mas sempre que era possível.” Isso, e a falta de filhos homens, eram a causa das brigas no casamento deles.

Ambos são dalits, ou seja, intocáveis. Os dalits não têm prestígio, nem emprego, nem futuro. É costume serem vistos como animais, mais do que como seres humanos. As três filhas de Swetha ficam olhando, desconfiadas. Raramente sorriem. Cada dia é um peso, até para crianças. De acordo com dados da ONU, um de cada três dos aproximadamente 1,3 bilhão de indianos está entre os mais pobres do mundo, que têm de viver com menos de um dólar por dia! Para Swetha e sua família, é uma luta pela sobrevivência.

Uma mulher desconhecida falou a Swetha sobre a Bíblia. Isso lhe chamou a atenção. “Meu pai comprou cadernos para meus irmãos, para a escola. Eu tinha que ir trabalhar. Aprendi a ler mais tarde. Eu queria saber mais sobre essa Bíblia.” A Boa Nova de um Rei que vai ao encontro dos mais desprezados, que fala com eles pessoalmente, com amor, dando até sua vida pela salvação deles – coisa inimaginável para os dalits.

A Bíblia traz a reviravolta, transforma e salva. Swetha relata sua experiência: “Depois das brigas com meu marido, eu sempre ficava doente, muito doente. Ninguém ajudava. Então ele mesmo começou a me acompanhar até a igreja. Ele viu o quanto a Igreja e a Missa me faziam bem.” Nesse meio tempo, os dois participaram de um curso católico para casais, organizado pelas SCC “Pequenas Comunidades Cristãs” que paralelamente promove cursos bíblicos, grupos de oração e outras opções pastorais. Ali, os dalits são bem-vindos. Ali não há discriminação. Nas SCC eles experimentam pela primeira vez a fraternidade comunitária e o valor como seres humanos, como filhos de Deus.

A Fundação Pontifícia ACN – Ajuda à Igreja que Sofre – apoia essas comunidades e muitos projetos na Índia. Só em 2017, ali foram realizados 570 projetos. Esse ano queremos fazer mais, porque é necessário fazer mais. Contamos com você!

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