Ele está cansado, tremendamente cansado. Viajou dias a fio, alternando-se entre Missas, catequese, ações comunitárias. A cabeça já pesa, e a sonolência espreita. É um encontro de padres na arquidiocese de Sucre (Bolívia). Agora estão marcando novos compromissos e podem trocar ideias. Mas a maioria dos padres está simplesmente esgotada demais.

Muitos deles viajam todos os dias durante várias horas. O Padre Freddy trabalha a três mil metros de altitude, na diocese de Coroico. Esse homem atarracado, de queixo enérgico, dá assistência a quatro pequenas comunidades. Duas delas ele só consegue visitar uma vez por mês. No período das chuvas, até mesmo com o carro é quase impossível chegar lá. Na sua ausência, os catequistas cuidam do trabalho pastoral; às vezes uma única família mantém a paróquia unida. Juán Vargas Aruquipa, bispo de Coroico, mandou construir quatro capelas para os fiéis poderem ter a Missa nas regiões mais isoladas. “Lá onde foram feitas capelas, as famílias estão muito engajadas. Elas esperaram anos a fio pela própria igrejinha”, nos conta ele. Agora o bispo espera a nossa ajuda: um furacão arrancouo teto de uma das capelas.

Com a sua voz calma ele nos apresenta mais um pedido: gostaria de reforçar a formação de seus seminaristas; um desejo que ele compartilha com todos os bispos da Bolívia. Padre Cristobal, o organizador do encontro de padres em Sucre, explica: “Nós precisamos pensar em vocações. Dez anos atrás havia 530 seminaristas, hoje são apenas 192.” Ele diz que a culpa desse retrocesso se encontra também na situação política. “Nós temos um governo socialista há sete anos. Aí as comunidades de base se posicionam violentamente contra a Igreja.” Agora se realiza a cada ano uma “Semana das Vocações”, em todas as dioceses. Padres, religiosos, religiosas e catequistas visitam as escolas e comunidades, dão seu testemunho e procuram o diálogo com os jovens. As histórias de vida desses jovens são alarmantes: muitos estão sendo criados em famílias destruídas. Vivem na rua, não raramente acabam no álcool, nas drogas ou nas presas de uma seita.

Pe. Andres conhece esses problemas. Oriundo da Bélgica, ele cuida desde 1984 de uma das paróquias mais isoladas no entorno de Potosí. Aqui a vida é extremamente dura, o terreno é árido. O vento sopra pelas ilimitadas estepes ressequidas, a poeira fina irrita as narinas. Potosí é conhecida pelas suas minas. Todo dia morrem mineradores e cada um sabe que o próximo pode ser ele mesmo. Até meninos de 15 anos arriscam a vida debaixo da terra. Muitos jovens têm problemas com drogas e furtam objetos da igreja. Muitas vezes Pe. Andres já recebeu ameaças. Também ele está no extremo de suas forças, mas não desiste. “Quando cheguei, ninguém conhecia Jesus”, conta ele. A primeira coisa que fez foi traduzir a Bíblia em quéchua. Mas como “quase ninguém sabia ler e escrever”, ele desenvolveu uma série de cadernos com muitas gravuras. São histórias da vida dos nativos, explicando em modo ilustrativo a doutrina da Igreja. Até hoje os cadernos fazem sucesso e com eles os fiéis aprendem a ler. Agora Pe. Andres gostaria de fazer uma nova edição.

Padre Joselino pede-nos Catecismos e Bíblias. Sua paróquia abrange 42 pequenas comunidades e seus habitantes criam gado. “Na igreja chegam até pastores com cajado e poncho”, conta ele. Para reforçar a união na comunidade, ele introduziu um almoço comunitário depois da celebração da Missa. Também ele viaja bastante. A Ajuda à Igreja que Sofre colabora com a arquidiocese de Sucre na formação de catequistas, para aliviar a vida de sacerdotes como Joselino. O Pe. Andres já chegou a formar estudantes para serem catequistas. Alguns deles inclusive descobriram a própria vocação. Sacerdotes como ele, Joselino e Freddy são para eles um modelo. As graças não lhes faltam, mas os recursos, às vezes sim.

Últimas notícias

Um comentário

  1. SALIM HAUAGGE NETO 26 de dezembro de 2012 at 00:04 - Responder

    Boa noite, hoje é dia de Natal. Que todos tenham Santo e Abençoado Natal.
    Tempos atrás, li na revista, que recebo todos os meses, que, na Africa, não lembro qual país, a Santa Missa era celebrada em capril ou curral, por não terem onde a celebrar.
    Lancei um desafio aos meus filhos de, ao invés de fazermos amigo secreto para o Natal do ano que vem, fazermos um esforço, e ajudar a construir uma igreja, nessa região da África. Lembro que custava perto de U$ 5.000,00 a construção dela. Vcs podem me ajudar a ver esses dados, e, eu vou incentivar os meus filhos, a todos os meses depositarmos uma quantia, até que seja suficiente para construir essa pequena igreja. Esse será o nosso amigo, não secreto, mas conhecido.
    Aguardo retorno . Muito obrigado

Deixe um comentário