O Papa Francisco foi cardeal arcebispo de Buenos Aires. Como vai a Igreja na sua pátria, a Argentina? Qual a ajuda da AIS na terra do Papa? Em junho e julho, Ulrich Kny, chefe do setor América Latina II da AIS, visitou várias dioceses. Aqui, ele nos dá a resposta.

Qual o reflexo da escolha de um argentino à Cátedra de Pedro, neste segundo maior país da América do Sul?
Em todo lugar nas paróquias saltam aos olhos, por assim dizer, cartazes com a imagem do Santo Padre, em tamanho natural. Ao lado está o seu pedido: “Rezem por mim”, ou mesmo um convite para a pessoa se engajar como ajudante voluntário na Cáritas. As secretárias de Dom Conejero, o Bispo de Formosa, nos referiram entusiasmadas que o próprio Papa telefonou para agradecer pessoalmente por uma carta do bispo. E o fato de que o Santo Padre toma seu chá Mate também em Roma, é motivo de grande orgulho para muitos fiéis comuns: “O Papa é um de nós!” Eles apreciam muito o fato de que ele, da mesma forma como seu predecessor, encontra palavras claras e de fácil compreensão. E depositam nele grandes esperanças de que possa lutar com sucesso contra a pobreza e a corrupção naquele país.

A pobreza é generalizada. Além disso, o governo Kirchner não é tido como amigável à Igreja. Como sobrevive a Igreja?
De fato, a taxa de inflação, estimada em 30%, e o desemprego fizeram cerca de 80% dos trabalhadores dependerem do Estado, no norte da Argentina. Para preservar a independência com relação ao Estado, certos bispos renunciam deliberadamente a subsídios que o Estado dá à Igreja. Muitas vezes o Estado participa no financiamento de projetos para construções da Igreja, assume os salários de professores em escolas confessionais e também paga modestos salários a bispos, bem como ajudas de custo para a formação de seminaristas. Mas a Igreja não consegue se manter com isso. Nos últimos dez anos, a AJUDA À IGREJA QUE SOFRE tem apoiado numerosos projetos num valor total de 7,5 milhões de reais, mas a maior ajuda foram as Intenções de Missas e a ajuda de subsistência, com outros 7,5 milhões.

Que projetos são esses?
Damos ajuda de subsistência a religiosas e, na forma de Intenções de Missas, a padres. Ajudamos na reforma de capelas, casas paroquiais, centros de retiros e formação, e financiamos a construção de salas multiuso, a compra de carros, o livrinho do Rosário, a formação de catequistas, a aquisição de material catequético ou de livros de educação sexual cristã. Devido à grande pobreza, algumas dioceses ainda carregam o peso de uma Teologia da Libertação de cunho marxista. Aí, a solução é sobretudo a formação no seminário e, claro, nas escolas. Infelizmente, o Estado põe cada vez mais obstáculos às escolas privadas e investe cada vez mais em escolas públicas e na formação de professores que façam valer a sua própria educação sexual. Temos discutido localmente com os bispos sobre alternativas possíveis.

Como o senhor vê, em geral, a vida de fé dos argentinos?
Existe uma religiosidade popular muito marcante. Nas capelas, quase todas as comunidades têm sua própria novena e sua procissão. Um carinho especial vai a “Nossa Senhora de Luján”, a padroeira nacional da Argentina. Além disso, têm grande importância as romarias a vários santuários locais e regionais. Por exemplo, cerca de três milhões de fiéis por ano peregrinam para a Basílica do Santuário Mariano de Itatí, junto ao Rio Paraná. Na festa da Ascensão, cerca de 250 mil fiéis vão a Mailín. No santuário, o bispo local já presenciou muitos milagres, nas confissões. No conjunto, existe grande potencial para a Igreja; havendo generosidade, poderia certamente ser ampliado.

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