Jovem, com apenas 21 anos, Teresa dá testemunho de sua vida de esperança graças a ação do Centro Notre Dame, em Burkina Faso, país do Norte da África.

Quando criança, eu nunca soube o que era o amor maternal. Enquanto minha mãe estava grávida, meu pai a deixou para se casar com sua segunda esposa. Acho que isso explica sua dificuldade de me amar. Até hoje, eu não me sinto amada por ela.

Fui enviada para uma escola longe de meus pais, em Dédougou, distante mais de 200 km da minha família. Meu pai tinha me confiado a seu irmão, com quem eu morava. As condições em que meus tios viviam eram muito difíceis; Eu costumava passar o dia sem comida suficiente para matar a minha fome. Não tinha um lugar para eu estudar, nem mesmo luz. Foi então que eu conheci o Centro Notre Dame da Visitação, onde pedi permissão para passar minhas férias escolares, em 2011.

No ano seguinte, eu deveria me formar. Nessa época eu engravidei e quando descobri contei para o rapaz com quem eu estava. Ele me ameaçou e, no final, disse que ele não tinha nada a ver comigo. Foi um grande choque para mim. Nesse mesmo ano, fiz as provas para o Bacharelado, mas não passei. Depois disso, meu tio me obrigou a sair de casa, pelo fato de que nossa cultura não aceita que uma mulher grávida permaneça na família, porque acreditam que traz má sorte. Ele me enviou a um de seus amigos, que tinha condições de vida ainda piores. Uma noite, às 11h, ele me expulsou para fora de sua casa, jogando minhas coisas depois de mim. Eu fiquei a noite com a família de um amigo.

Foi depois disso que eu decidi me juntar ao Centro para Jovens, mas meu tio, que tinha medo de ser criticado por ter me abandonado, me obrigou a ficar com uma mulher velha que ele conhecia. Minha situação ficou pior: a velha morava em uma casa que só tinha uma sala muito pequena. Eu não conseguia dormir à noite, por causa da falta de espaço. Desanimada, eu desisti da escola e do bacharelado. Eu, então, fiquei muito doente, e nessa condição eu dei à luz. Felizmente, Tantie (uma senhora responsável pelo centro, a qual eu chamada de “tia”) me ajudou durante o parto.

No ano seguinte, eu disse a ela sobre o meu desejo de voltar para a escola. Ela conseguiu um lugar para mim numa escola particular, e, finalmente, propus para eu entrar no centro. O centro foi a grande chance para mim: os problemas de alimentação, alojamento, luz para estudar… foram todos resolvidos. Além de tudo isso, recebi o apoio das outras meninas para cuidar do meu filho.

Mas, muitas vezes eu caia em momentos de profunda tristeza e angústia: a memória dos sofrimentos e decepções tomou conta de mim e me levou ao desespero. Uma noite, eu decidi pôr fim à minha vida e a de meu filho. Eu fui atrás do prédio onde vivemos, na direção de um bosque de manga, com uma corda. Eu queria me enforcar com Ben, meu filho. Mas no último momento algo me fez hesitar e eu voltei para a cama. Tenho a certeza de que era o Senhor que veio em meu auxílio.

Com o apoio de todas do centro finalizei meu bacharelado: as meninas mostraram grande solidariedade diante da minha situação e eu nunca irei me esquecer que elas literalmente cuidavam do Ben. Todas as Tanties (tias) no Centro me apoiaram e me incentivaram. Estou muito feliz hoje por ter obtido o bacharelado e por não ter decepcionado elas. Não há palavras que consigam expressar a minha gratidão a Deus e ao Centro.

Hoje eu percebo que sou amada. Antes, não tinha sentimentos em relação a Ben, meu filho e sinto que as coisas estão prestes a mudar. Eu tinha decidido não viver mais, para não sofrer. Sem a ajuda do centro, talvez hoje eu não estaria mais viva.

 

O Centro Notre Dame da Visitação é um dos projetos de ajuda da Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) para o acolhimento de jovens e mães solteiras que buscam uma nova possibilidade de vida, um novo recomeço.

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Um comentário

  1. Carlos Roberto Gonçalves 10 de novembro de 2014 at 23:50 - Responder

    Cada um com um pouquinho que seja , pode tornar a vida de irmãos que sofrem , menos dolorosa. E certamente Deus se sentirá louvado

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