Em Burkina Faso as mulheres ocupam uma posição social muito baixa. Apenas 14% das mulheres sabem ler ou escrever. O número de meninas que educam sozinhas uma ou mais crianças está aumentando. A influência negativa dos meios de comunicação social levou a um aumento da promiscuidade sexual. Como consequência, a maternidade prematura é uma realidade cada vez mais constante como também a fuga da paternidade. Outra realidade comum são os pais não ajudarem a jovem mãe. Com efeito, a maioria deles a expulsam de casa, muitas vezes com o pretexto da crença tradicional de que o fato de uma filha dar à luz na casa dos pais trará azar à família.

Muitas jovens tentam fazer um aborto, de uma ou outra forma, arriscando a sua vida. Outras dão à luz, mas depois abandonam a criança na rua. Outras, ainda, procuram sobreviver com o bebê. Frequentemente, acabam por cair na prostituição, simplesmente para poderem sobreviver. O círculo vicioso continua, pois muitas acabam contraindo o vírus HIV e ficam com uma vida ainda mais difícil. Algumas destas jovens voltam a engravidar, tornando as suas vidas quase que impossível.

Em Dedougou, a Igreja Católica criou um centrou para jovens grávidas e mães, onde são acolhidas e recebem apoio e todos os cuidados de que necessitam. Recebem não apenas ajuda prática, material e pastoral, mas simultaneamente recebem formação vocacional e aprendem um ofício útil.

Elodie é uma dessas jovens mães cuja história teve um final feliz. Aos 17 anos, a sua rígida família muçulmana combinou o seu casamento com um homem muito mais velho que ela não conhecia e que já tinha várias mulheres. Ela não tinha alternativa, caso contrário seria expulsa de casa pela sua própria família. Os dois meses que se seguiram ao casamento foram um verdadeiro inferno e ela decidiu fugir. Conseguiu viajar até a capital, a cerca de 1.500 km de distância, onde não conhecia absolutamente ninguém. Subitamente teve a ideia de procurar abrigo junto das religiosas católicas, que prontamente a acolheram com carinho. Imediatamente perceberam que Elodie estava grávida e colocaram-na em contacto com o centro “Carmen Kisito” em Dedougou. “Eu tinha muito ódio no coração em relação à minha família e ao homem com quem tinha sido forçada a casar. Nunca mais os queria ver. Também sentia que não era capaz de aceitar a minha filha, Djami, pois aos meus olhos ela era responsável pela minha desgraça. Mas quanto mais conhecia Jesus, mais percebia que tinha de perdoar a todos. Depois de uma caminhada de 3 anos, me preparava para receber o batismo na Páscoa. Pensar que Deus perdoava todos os meus pecados e me renovava, enchia-me de alegria. Foi então que compreendi que também tinha de perdoar todos os que tinham me magoado. O ódio e a vingança já não podiam ter lugar na minha vida. Por isso, no meu coração lhes perdoei. O meu batismo foi um momento de imensa alegria para mim. Estava cheia de uma alegria que nunca tinha sentido antes e tinha uma profunda sensação de paz no coração.”

Depois do batismo, Elodie visitou a família para se reconciliar. “Não foi fácil para mim. Foi uma luta interior. Mas, com a graça de Deus, consegui encontrar-me com eles. O meu pai estava perplexo e simultaneamente muito feliz por voltar a ver a sua filha novamente, quase cinco anos depois, e a reconciliação com a minha família aconteceu com muita alegria.”

Ela não voltou a ver o homem com quem tinha sido forçada a casar, mas também lhe perdoou, no coração. Hoje em dia Elodie tem a sua vida orientada. Recebeu formação para cabeleireira e agora ganha o suficiente para sustentar a si mesma e à sua filha.

 

A Ajuda à Igreja que Sofre tem ajudado o centro de acolhida e, de novo, este ano ajudará com aproximadamente 60 mil reais.

Últimas notícias

Deixe um comentário