“Despertar” é um simples verbo, entretanto, o seu significado é profundo e transformador. O despertar tem relação com os valores do corpo e do espírito. Mede a consciência que possuímos de nossa existência, como mede o valor que damos aos verdadeiros valores da vida humana.

Os estudiosos da saúde humana dizem que, no geral, os primeiros sintomas das enfermidades se apresentam como uma sadia advertência de nosso organismo acenando que algo não vai bem com o nosso corpo. É o linguajar que nosso corpo usa para dizer que algo está errado. Se não lhes dermos a devida atenção, poderão nos levar a um estado mais crônico de saúde e, por vezes, à própria morte. Por isso a dor física não deve ser observada apenas como um mal em si, mas também como uma advertência. Entretanto, com o progresso de nossa medicina, infelizmente, poderemos mascarar o bom cuidado com nossa saúde física através de uma automedicação sem orientação médica.

Não é diferente com a saúde de nosso espírito. Os místicos são unânimes em nos advertir que, sempre que a voz interior de nossa consciência natural nos disser que algo não vai bem e que o rumo das nossas opções e escolhas é errado, é hora de retomarmos e escolhermos outro certo. Como são sábias e verdadeiras as palavras da Bíblia no livro do Deuteronômio: “ Eis que Eu ponho diante de ti o caminho da vida e da morte… Se escolheres o caminho da vida, tu e teus descendentes serão abençoados, mas se escolheres o caminho da morte, tu e os teus sofrerão” (Dt 30,19).

Que verdade! Basta o silêncio interior para escutarmos a voz de nossa consciência que de imediato nos aprova ou nos questiona nas opções de vida que fazemos. Aliás, irmos contra a voz interior de nossa consciência é sermos sem caridade conosco e com os que amamos. Ninguém se torna bom e permanece no bem sem uma vigilante atenção no caminho que percorre. Está em nós e entre nós o bem e o mal, e depende única e exclusivamente de cada um de nós por qual vamos optar. Mas sempre é bom sabermos que a ajuda de Deus nunca nos falta. Deus nos ama, mesmo em nossas quedas, erros e pecados.

Diante da vida, busquemos ter a atitude do despertar, do acordar, do auscultar nosso íntimo, contando sempre com a ajuda de Deus, da Igreja e dos que nos cercam. Amar e se deixar amar.

O amor existe. Deus é amor. Diz o apóstolo João: “Todo aquele que ama nasceu de Deus e conhece a Deus. Quem não ama não conhece a Deus porque Deus é amor” (1Jo 4,7-8). Quando a vontade humana se une à vontade de Deus, tudo é possível. “Para Deus nada é impossível” (Lc 1,37).

Mas, o que acontece infelizmente é que pela rotina ou por uma vida pautada em escolhas e opções erradas podemos adoecer a voz de nossa consciência deixando morrer em nós o ideal de nossos sonhos. Crises e mesmo quedas fazem parte da natureza humana, marcada por limites naturais e pelas feridas do pecado. Todo problema se situa quando asfixiamos a voz interior de nossa consciência não sabendo discernir as opções entre o caminho do bem e do mal.

É na busca de uma constante fidelidade no seguimento da vontade do Pai, presente na mensagem da Bíblia, particularmente na Boa Nova dos Evangelhos, permanecendo na comunhão com os ensinamentos da Igreja através da recepção dos sacramentos, que teremos os remédios para manter uma boa qualidade de vida a nível físico, psíquico, afetivo e espiritual. “Entrega o teu caminho ao Senhor, confia Nele e Ele agirá em tua vida” (Sl 36,5).

“Desperte, você que dorme. Levante-se dentre os mortos, e Cristo o iluminara.” (Ef 5,14)

Padre Evaristo Debiasi
Assistente Eclesiástico Nacional

Últimas notícias

Deixe um comentário