Refletindo, alguns teólogos tem chamado de “noite escura” o atual momento que o mundo vive. O termo é emprestado dos escritos de São João da Cruz que associa a ausência de luz com o sentimento de distanciamento de Deus, seja na experiência cristã em nível pessoal ou na vida em sociedade. Olhando ao redor, não nos faltam motivos para afirmar que o mundo precisa de “luz”, não é mesmo?

Proporcionalmente ao distanciamento de pessoas de culturasde uma autêntica experiência de fé, cresce o ateísmo teórico e militante como um dos fatores determinantes dessa “noite escura”. A tendência de minimizar ou distorcer a influência das religiões na vida social vem sendo constatada há tempos. O cristianismo e consequentemente a Igreja não saem imunes desse fenômeno. O não conhecimento da “verdade que liberta” (cf. Jo, 8,32) e as fraturas no relacionamento entre os cristãos fazem sofrer a Igreja e a humanidade em muitos lugares.

Uma das consequências dessa “escuridão” é não conseguir mais apreciar a grandeza e a beleza de cada vida humana, amada eternamente por Deus. Diante dessa situação, somos convocados a responder com o amor revelado por Jesus Cristo às situações de exclusão e sofrimento de muitas pessoas. Com a linguagem da vida, positiva e cheia de esperança, podemos surpreender o ambiente cultural que nos rodeia, tantas vezes marcado pela acidez nos relacionamentos interpessoais e pela fragilidade dos direitos fundamentais e inalienáveis das pessoas indefesas.

“Qual a razão da minha vida?”, pode ser uma pergunta feita a cada cristão, pessoalmente. A resposta que cada um conseguir dar a essa questão poderá ser um bom começo para ajudar o mundo a encontrar uma “luz”. Ser “luz” onde estivermos, como nos define o Evangelho (cf. Mt 5,14), traz a esperança de que cada um de nós pode fazer a própria parte. No entanto, é preciso lembrar sempre que devemos fazer a nossa parte, mas é o Senhor que é “a luz do mundo” (cf. Jo 8,12) quem conduz a história humana e nos guiará com a Sua “luz”.

Daqui a pouco, começaremos a Quaresma. Será, com certeza, o Tempo Litúrgico propício para preenchermos muitos vazios, dentro e fora de nós, com a Luz da Ressurreição.

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