Após o rapto do monge católico Jacques Mourad e de um colaborador no dia 21 de Maio, o sentimento de desânimo na Síria é profundo.

Falando com a Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (AIS), seu irmão pede orações: “Por favor, rezem pelo Pe. Jacques, por seu colaborador e também por nossa comunidade. Homens mascarados armados levaram os dois. Não sabemos quem foram estes homens e até agora não temos ideia para onde levaram nossos irmãos. Não sabemos absolutamente nada”, disse o Pe. Jihad Youssef, da ordem católica Mar Musa, da qual o Pe. Jacques também é membro.

“No mosteiro de Mar Eliam (Santo Elias), em Qaryatayn, o Pe. Jacques se dedicava a ajudar as pessoas que sofriam as consequências da guerra síria. Ele fazia um esforço especial para ajudar os projetos de restauração de residências, para que as pessoas pudessem viver novamente em suas casas destruídas na guerra. Mas, para ele, os cuidados psicológicos com as pessoas traumatizadas pela guerra e outras ajudas humanitárias também eram importantes. Durante anos ele cuidou dos refugiados. O Pe. Jacques não fazia distinção entre cristãos e muçulmanos. Ele ajudava todas as pessoas em necessidade”, explicou o Pe. Jihad.

Por vários anos, o trabalho do Pe. Jacques foi apoiado pela Ajuda à Igreja que Sofre. Ainda recentemente ele escreveu um e-mail para agradecer o apoio recebido, que somava um total de mais de 100.000 euros. Foi também neste e-mail que ele explicou qual era a sua motivação: “Nossos esforços para ajudar os muçulmanos que também estão sofrendo somado com a urgência de ajuda em nossa região, não é nada além da posição da Igreja, que vê a si mesma inseparavelmente ligada à imagem de Jesus crucificado. O testemunho que estamos dando hoje é um reflexo da luz que emana da cruz, anunciando uma nova aurora de esperança da ressurreição para toda a humanidade”.

O chefe do Departamento para o Oriente Médio da Ajuda à Igreja que Sofre, o Pe. Andrzej Halemba, descreveu o rapto do Pe. Jacques como uma desgraça. “Uma vez mais estamos tendo um exemplo de ódio cego. O Padre Jacques sempre ajudou todas as pessoas, cristãs ou muçulmanas. Ele ajudava a todos e nunca fez discriminação. Porque uma pessoa assim foi raptada? Estamos vendo mais uma vez como a guerra vitimiza as melhores pessoas. O Pe. Jacques é um líder espiritual tanto dos cristãos, quanto dos muçulmanos. Pessoas de ambas religiões o procuravam e tinham confiança nele”.

O Pe. Halemba se encontra no momento na Síria, visitando os projetos apoiados pela Ajuda à Igreja que Sofre e para ter uma ideia de como está o país. “A situação é terrível. Em Al Qusair, perto da fronteira libanesa, vi uma cidade fantasma. O tamanho da destruição nos faz lembrar imagens do apocalipse. Por toda parte se vê a loucura da guerra”, afirma o Pe. Halemba. “Por outro lado, há sinais de esperança e de vida. Encontrei muitos cristãos que se esforçam para viver sua fé em meio a estas circunstâncias”. O Pe. Halemba ficou obviamente impressionado com um pai de três filhos que se recusou a deixar o país. “Ele me disse que não queria ir para a Europa, pois queria viver sua vocação cristã em sua pátria natal, a Síria. Também fiquei emocionado ao ver a alegria das 51 crianças que puderam receber a primeira comunhão na parte velha da cidade de Homs. E em Yabrud as crianças de uma escola lançaram um apelo durante um evento para que todos os responsáveis pela guerra não roubem mais o seu futuro. E as crianças e os jovens em especial, estão cheios de vontade de viver. Esta minha visita reforçou mais uma vez a minha certeza de que nós precisamos absolutamente ajudar o povo da Síria a continuar a ter um pouco de esperança, apesar de toda a desgraça”.

A Ajuda à Igreja que Sofre tem estado muito ativa no Oriente Médio. Mais de doze milhões de euros foram gastos desde o final de 2011 na ajuda aos cristãos do Iraque e da Síria. Recentemente, a organização concedeu mais 2 milhões de euros (aproximadamente 6 milhões de reais) para a ajuda humanitária para a Síria.

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