Desde o fim da II Guerra Mundial, os países dos Bálcãs tem sido ponto focal de problemas étnicos. O arcebispo de Belgrado, Dom Stanislav Hočevar, visitou a sede da Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre em dezembro e descreveu a complexa situação na ex-Iugoslávia. Dom Hočevar compartilha os sentimentos expressos pelo Presidente da Conferência Episcopal da Bósnia Herzegovina, Dom Komarica – que visitou a AIS uma semana antes – sobre a difícil relação entre sérvios, croatas e bósnios.

Essas tensões históricas entre os diferentes grupos étnicos fazem da convivência cotidiana algo bastante complicado. “Ninguém está preparado para uma reconciliação”, lamenta Dom Hočevar. Como ele apontou, sem reconciliação e perdão é impossível para estes grupos étnicos e religiosos coexistirem. “Devemos todos juntos encontrar novas formas de nos conciliar, caso contrário não irá funcionar. Sem uma dimensão ecumênica não vamos chegar a essa reconciliação”, afirmou Dom Hočevar. Ele espera que o Conselho Pan-ortodoxo, que acontecerá em 2016, seja um passo a frente na resolução de suas divisões internas.

O Arcebispo de Belgrado assinalou que, embora a relação com a Igreja Ortodoxa seja boa em um nível pessoal, ainda é necessário trabalhar no sentido de uma visão compartilhada de eventos históricos importantes. Diferentes interpretações da história e de muitos pontos teológicos ainda estão presentes. A Igreja Ortodoxa ainda reforça a identificação entre religião e nacionalidade, mas assim como a Igreja Católica, ela também é chamada à universalidade. Dada a diferenciação entre nacionalidade e confissão religiosa, os sérvios tendem a enfatizar as pequenas diferenças entre católicos e ortodoxos, em vez de se concentrar em questões importantes. Dom Hočevar explicou que este orgulho nacionalista também é uma reação à política comunista de eliminar a identidade pessoal e nacional em favor de uma nova “identidade dos trabalhadores”.

A AIS apoiou a Arquidiocese de Belgrado em seu estudo sobre a história dos católicos da Sérvia, algo nunca pesquisado antes. Felizmente, o atual ministro da Cultura sérvio está mostrando interesse em ajudar a Igreja com o restauro de igrejas católicas. No final de outubro, houve um Sínodo diocesano focado em problemas organizacionais: uma vez que o número de católicos diminuiu na diocese e eles precisam tornar os recursos escassos o mais eficiente possível. A restauração e reforma de igrejas e outros edifícios diocesanos, o fortalecimento do apostolado infantil e da juventude e transporte para os sacerdotes chegarem às igrejas são as principais prioridades.

Dom Hočevar também está empenhado em promover o diálogo com os ortodoxos e, para isso, um bom material teológico em sérvio é muito importante para atingir esse objetivo. Além disso, até agora se pensava que os católicos falavam croata, mas os filhos de casamentos mistos em sua diocese são sérvios e falam o sérvio. “Mas se o catecismo católico for traduzido para o sérvio, os ortodoxos temem que queiramos converter fiéis ortodoxos ao catolicismo. Portanto, precisamos ir passo a passo”. Como Dom Stanislav Hočevar reforça, a reconstrução dos Estados dos Bálcãs é um processo complexo e lento. Para ser capaz de contribuir neste processo, a Igreja Católica deve deixar de lado a identificação entre identidade nacional e confissão religiosa e enfatizar na universalidade da Igreja.

Últimas notícias

Deixe um comentário