Com desenhos e mensagens recolhidas de aproximadamente 1,2 milhão de crianças – cristãs e muçulmanas – em escolas de Homs, Alepo e Damasco(na Síria), os representantes das três principais igrejas do país levaram um apelo de paz à ONU e à União Europeia (UE).

Organizada pela ACN (Ajuda à Igreja que Sofre), a visita dessa delegação, que representava 95% de todos os cristãos na Síria, foi guiada pelo Patriarca da Igreja Católica Greco-Melquita Gregório III; pelo Metropolita Georges Abou-Zakhem, da Arquidiocese de Homs, da Igreja Greco-ortodoxa Antioquina; e pelo Metropolita Selwanos Boutros Alnemeh, da Arquidiocese de Homs da Igreja Siríaca Ortodoxa.

Houve um total de catorze reuniões na UE, em Bruxelas, incluindo discussões com Jan Figel: enviado especial para Liberdade e Religião da UE; Christos Stylianides: comissário para Ajuda Humanitária e de Emergência; Federica Mogherini: alto representante da UE para Relações Externas e Segurança; o presidente do Parlamento Europeu Martin Schulz e o presidente da Comissão Europeia Jean-Claude Juncker.

Impulsionando os representantes da UE a pressionar a comunidade internacional para a segurança e estabilidade na Síria, o Patriarca Gregório III, afirmou: “A paz na Síria só virá quando todos fizerem sua parte. A comunidade internacional tem que se reunir novamente para alcançarmos segurança e estabilidade. Paz, no entanto, não pode ser imposta, tem que vir de dentro, do coração de cada um de nós – e esse é o dever que continua a ser o trabalho das Igrejas, todo dia”.

O presidente do Parlamento Europeu Martin Schulz afirmou: “As circunstâncias são dramáticas e a presente visita nos permite frisar nossa solidariedade e respeito aos seus incansáveis esforços em busca de paz. Saibam que essas reuniões estão sendo intensamente discutidas por nossos colegas e são de extrema importância para que saibamos sobre a situação a partir da base”.
“O papel dos cristãos na Síria é importante não só por conta do passado, mas também pelo futuro”, disse o Metropolita Georges Abou-Zakhem. “Os cristãos são confiáveis; somos de algum modo a ‘cola’ na sociedade síria, proporcionando diálogo e reconciliação no país por mais de 14 séculos”. Citando vários exemplos do diálogo cotidiano entre cristãos e muçulmanos em Homs, onde ele vive desde antes do início do conflito, Dom Georges constatou que as comunidades cristãs e muçulmanas sabem conviver: “Com segurança e estabilidade a vida social é retomada rapidamente, como nós testemunhamos com as pessoas que voltaram de Homs.
Estamos ajudando tanto os cristãos como os muçulmanos a se integrarem novamente à comunidade local”.

Isso foi reiterado pelo Metropolita Selwanos, de Homs, que explicou como o fato dos cristãos viverem por todo o país serve de garantia para que a Síria não seja dividida em províncias partidárias. “Nós estamos reconstruindo escolas abertas a todos; mais de 90% dos estudantes são muçulmanos porque eles acreditam na qualidade da nossa educação; assim, a nova geração aprende a viver junto”. A delegação, então, foi de Bruxelas, na Bélgica, à Genebra, na Suíça, levando as mensagens das crianças ao Alto Comissário para Refugiados da ONU, Filippo Grandi e o Alto Comissário para Direitos Humanos, Príncipe Zeid Al-Hussein, buscando meios concretos de colaborar juntamente com os representante da ONU na Síria.

“Em algumas áreas onde ONGs têm desistido de atuar em razão dos riscos, as Igrejas são uma das poucas estruturas que permaneceram efetivamente na ajuda humanitária”, disse Padre Andrzej Halemba, responsável pelo setor de projetos para o Oriente Médio da ACN. As Igrejas já estão ajudando as famílias de pessoas refugiadas internamente a retornarem às suas casas destruídas, por exemplo, em Al-Qusayr, comprando materiais de construção e de reparo com os quais se pode começar a reconstrução. Filippo Grandi afirmou: “A ONU precisa das Igrejas como mensageiras da paz, porque elas falam a todos”.

“Sem educação, as crianças na Síria serão a próxima geração do grupo Estado Islâmico. Nós não somos políticos, nossa parte é reavivar a alma multicultural da sociedade síria”, expõe o Patriarca Gregório III, “estamos confiantes que com estabilidade e segurança as crianças poderão ir à escola e, assim, estaremos semeando um futuro pacífico para a Síria”.

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