Em visita ao Brasil, Arcebispo Sírio conta o difícil momento que seu país atravessa, com 8 milhões de refugiados, 3 milhões de casas destruídas, 90% da indústria parada; 70% da população desempregada; energia elétrica só por quatro horas no dia; e somente 43% dos hospitais em funcionamento.

A Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) apresenta a real situação na Síria, em especial, sobre a perseguição que as minorias religiosas enfrentam ao longo dos quatro anos de conflitos, e sobretudo, neste momento, com o grupo terrorista Estado Islâmico (EI) executando reféns depois de tomar vilarejos cristãos assírios.

No início deste mês, a AIS trouxe o Arcebispo Católico Greco-Melquita de Homs, Hama e Yabroud, na Síria, Dom Jean-Abdo Arbach, para uma apresentação na reunião do Conselho Permanente da CNBB, sobre o que ele vem enfrentando em seu país.

Os dados trazidos por Dom Arbach são marcantes: nos últimos meses, o número de refugiados duplicou, atingindo 8 milhões de pessoas; feridos, queimados, pessoas com deficiência ou outras doenças graves e sequelas da guerra já contabilizam centenas de milhares; estima-se que 10 milhões de pessoas precisam de ajuda humanitária; destruição da infraestrutura do país: 3 milhões de casas destruídas e 90% dos estabelecimentos industriais e fábricas pararam de funcionar; 70% do povo sírio está desempregado e vive com menos de 100 dólares por mês; um dólar equivale a 250 libras sírias.

Dom Arbach apelou aos brasileiros que “enxuguem as lágrimas dos cristãos que choram na Síria” e ressaltou que a realidade da Síria vai além das cenas de destruição dos noticiários. Segundo ele, “falar sobre a situação de segurança na Síria é extremamente difícil e varia de uma província para outra, de uma cidade para outra, e até mesmo de um bairro para outro”.

A energia elétrica só está disponível quatro horas por dia. O governo não pode mais subsidiar commodities e controlar a inflação: os gêneros alimentícios e derivados do petróleo, principalmente os combustíveis, bem como todo tipo de material, estão com preços exorbitantes, além da falta de medicamentos. Estima-se que mais da metade dos hospitais da Síria foram destruídos ou seriamente danificados, com apenas 43% deles em funcionamento. Epidemias como hepatite, cólera, tuberculose e febre tifoide, que representam uma ameaça nos campos onde se instalaram as pessoas deslocadas e refugiadas, alerta a OMS – Organização Mundial de Saúde.

A indústria farmacêutica da Síria foi praticamente destruída ou teve de parar a fabricação. “Os remédios se tornaram escassos e muito caros, e pacientes cardíacos estão morrendo por falta de medicamentos, além da necessidade de auxílio psiquiátrico ”, relatou o Arcebispo.

Na educação, a projeção é de que uma geração inteira de crianças traumatizadas crescerá na Síria. São mais de 3 milhões de crianças fora da escola.

A AIS, por meio dos pedidos que chegam dos religiosos locais, fornece ajuda de emergência às famílias em Aleppo, Homs, Damasco entre outras áreas afetadas. Desde 2011 a Fundação enviou mais de 65 milhões de Reais para projetos no Oriente Médio, ajudando a fornecer alimentos, medicamentos, cuidados médicos, ajuda financeira para aluguel das famílias, combustível, aquecimento e eletricidade.

Para a AIS, o trabalho é extremamente significativo. Ajudar a população síria, independentemente de questões étnicas ou religiosas, é a forma mais direta de contribuir para o processo de paz e para a construção de uma sociedade aberta a todas as suas diferenças.

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