Uma semana após o terrível massacre contra cristãos cometido no dia 2 de abril na Universidade de Garissa, no Quênia, deixando 148 mortos, o diretor da Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) da França nos traz esclarecimentos sobre a situação.

AIS: Como explicar este atentado num país que é 80% cristão?

Marc Fromager: Como costuma acontecer, esse ataque resulta da conjunção de vários elementos. Neste caso concreto, foram três causas: 1-) Um ambiente geopolítico instável devido à proximidade da zona de caos que é a Somália. 2-) Uma estratégia que se fundamenta na exacerbação de tensões religiosas. 3-) Um grupo radical decidido a cometer carnificinas para inflamar este terreno explosivo.

AIS: Quem são os islamistas somalianos do movimento Chebab? O que eles reivindicam?

Marc Fromager: Eles surgiram lutando pela decomposição da Somália e formaram milícias de tipo mafiosa, que passou a controlar uma parte do território do país e os tráficos de todo gênero que se multiplicaram naturalmente nesta zona gangrenada pela violência, onde não existe o direito. A militância islâmica radical foi ajuntada por cima desta base infectada.

Eles tiveram um objetivo duplo com este ataque. Em suma, eles visavam punir o Quênia por sua intervenção militar na Somália contra os muçulmanos radicais. Em outro ponto, eles querem se apropriar do nordeste do país. Essa luta de conquista se apoia num cenário racional: espalhar o terror, instaurar o caos, expulsar as populações insubmissas, e terminar por exercer um controle efetivo sobre a zona.

AIS: É só o Quênia que eles visam, ou é toda uma região?

Marc Fromager: No momento é só o Quênia que é visado, devido à proximidade imediata com a Somália, mas o objetivo final deles é toda a costa queniana e tanzaniana, apesar dos últimos atentados terem ocorrido no interior. Pode-se esperar uma piora da situação nestes dois países.

AIS: O que a AIS pode fazer?

Marc Fromager: A AIS já está bem presente nestes dois países, onde ela apoia numerosos projetos da Igreja Católica com mais de 3 milhões de reais para o Quênia e mais de 5 milhões de reais para a Tanzânia (cifras de 2014). Nosso papel é dar os meios para a Igreja Católica desempenhar seu trabalho pastoral nesta situação especial. É provável que nosso esforço para ajudar esta região da África seja chamado a ser ampliado nos próximos anos.

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