Os líderes cristãos do Iraque chamam “a maioria muçulmana moderada” a condenar os ataques contra os cristãos e asminorias religiosas pelo grupo autointitulado Estado Islâmico (EI).

O Patriarca Louis Raphael I Sako, presidente da Assembleia dos Bispos Católicos no Iraque, fez o apelo em uma conferência inter-religiosa, organizada no Centro Internacional para o Diálogo Inter-religioso Rei Abdullah bin Abdulaziz, em Viena, na Áustria.

O Patriarca Sako, chefe da Igreja Católica Caldeia, expressou com preocupação que os líderes muçulmanos não falaram firmemente contra os ataques realizados “em nome da religião islâmica”, que visavam cristãos, Yazidis, muçulmanos xiitas e outros. Em uma cópia da mensagem enviada à Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (AIS), ele disse: “É muito chocante ver a insuficiência da comunidade islâmica oficial que denunciou esses atos somente por declarações tímidas e indefesas, mostrando a falta de um verdadeiro papel na sensibilização do público sobre a ameaça iminente do EI em nome da religião”.

O patriarca clamou aos estudiosos muçulmanos a refutarem os argumentos do EI pela lei islâmica e a denunciarem as ações dessas pessoas. “Silêncio não convém porque o EI e seus seguidores darão golpes ainda mais distorcidos ao Islã. É perigoso dar-lhes essa chance porque as pessoas pensarão que o Islã é uma ameaça à paz mundial.”

Sublinhando que a resposta ao EI tem de vir de dentro Islã, o patriarca disse: “Eu acredito, vocês estão igualmente chocados como nós ficamos com os atos bárbaros que varreram a cidade de Mossul e planície de Nínive contra os cristãos, Yazidis e outras minorias que foram arrancadas de mãos vazias de suas casas e aldeias durante à noite, em direção a um futuro desconhecido atingidos pelo medo e terror.”

O patriarca caldeu passou a descrever os problemas enfrentados pelos 120.000 cristãos que foram forçados a fugir de suas casas em razão do avanço do EI. Ele disse: “Nós, como as minorias sem proteção ou cuidado, somos marcados. Nossas crianças são sequestradas e ameaçadas, nossas casas foram roubadas ou saqueadas publicamente como se isso fosse legítimo”. E acrescentou: “Nossas famílias, que viviam em suas próprias casas com dignidade e orgulho, hoje vivem sem teto em várias cidades e vilas, em tendas, caravanas ou em uma sala oferecida gratuitamente pela Igreja.”

A AIS está entre as instituições de caridade que dá suporte às famílias desabrigadas. No mês de outubro, foi anunciado um pacote de ajuda que inclui comida para os refugiados nas Igreja de Erbil e Dohuk e em alojamentos de Erbil.

Sublinhando a necessidade de resposta ao sofrimento dos cristãos que foram expulsos de suas casas, ele disse: “Existe uma lei superior (à Sharia) de amor e misericórdia gravada no coração do homem. Essa lei superior exige compaixão e caridade a todos os pais desamparados com uma criança faminta nos braços e misericórdia para cada ser humano que sofre.”

O Patriarca lembrou aos ouvintes da longa história da Igreja no Iraque, afirmando: “Não se esqueça que os cristãos são nativos desta terra e eles têm contribuído muito para a cultura árabe”.

Ao concluir, Patriarca Sako disse: “Estamos ansiosos pelo dia em que os muçulmanos irão anunciar oficialmente para si mesmos e aos que são perseguidos, pessoas inocentes, muçulmanos ou cristãos, crentes ou não, que esses ataques são contra a religião e contra Deus, o Todo-Poderoso, que é o único que julgará todo os seres humanos e os recompensará com a justiça”.

O encontro no Centro Internacional para o Diálogo Inter-religioso Rei Abdullah bin Abdulaziz. intitulado “Unidos Contra a Violência em Nome da Religião”, aconteceu nos dias 18 e 19 de novembro e olhou para a diversidade religiosa e cultural no Iraque e na Síria. Estiveram presentes cerca de 200 representantes, incluindo muçulmanos e cristãos.

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