Diante da crise de Estado em seu país, o padre Rafik Greiche, responsável pelas relações da Conferência Episcopal católica do Egito com os veículos de comunicação, enviou um pedido aos governos europeus. Sua solicitação é para que eles exerçam pressão sobre a classe dirigente na capital egípcia.
Recentemente, o sacerdote declarou à Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS): “A União Europeia tem que deixar claro ao Presidente Mursi e ao seu governo que os direitos humanos têm que ser respeitados. As tropas da Irmandade Muçulmana ameaçaram as pessoas que se manifestaram pacificamente contra a política do presidente. Isto é tão inaceitável como o texto da futura Constituição egípcia que apresentaram”.
Por meio de um referendum popular, que se realizará, possivelmente, no dia 15 de dezembro, o Presidente Mohammed Mursi quer aprovar o projeto de uma nova Constituição. Contra este projeto, entre outras coisas, dirigem-se as grandes manifestações produzidas no Egito nas últimas semanas. Os representantes das igrejas cristãs e dos partidos liberais abandonaram a Comissão Constitucional ainda em novembro em sinal de protesto contra as tendências islamistas. Entretanto, os membros que continuaram na Comissão adotaram o projeto em uma sessão noturna, no dia 30 de novembro. Em relação ao fato, Pe. Greiche declara: “É simplesmente incorreto aprovar de um modo sumário um texto tão decisivo, sem oferecer a possibilidade de um debate público sobre ele”.
Porém, o sacerdote não se mostra surpreso com a direção que o projeto tomou: “Quando o Islã se politiza, converte-se automaticamente em uma ditadura fascista. Então, há uma ameaça de que se introduza a ‘Xaria’ (a lei islâmica baseada em uma interpretação radical do Corão) em sua forma mais fundamental”, afirma. “E isto não afeta somente os cristãos, mas também todos os egípcios que desejam liberdade e justiça”, acrescenta. Entre outras coisas o padre critica que toda uma série de artigos da Constituição estejam redigidos de forma tão ambígua que permitem uma interpretação fundamentalista.
Ao ser perguntado sobre possíveis soluções para a atual crise no Egito, Greiche afirmou: “Se ao presidente ainda resta um pouco de sabedoria, ele deve começar um autêntico diálogo com todos os grupos políticos do país. Pseudo conversas não servem; todas as ofertas feitas até agora foram apenas truques”, enfatiza. Entretanto, a Igreja católica do Egito não deseja chamar seus aproximadamente 250.000 fiéis a um boicote contra o referendum. “É óbvio que não dizemos às pessoas o que elas devem fazer; mas naturalmente não as animaremos a votar a favor do projeto constitucional”, reforça.