“Estamos dispostos a continuar sofrendo, a perder nossas igrejas, casas e até nossas vidas para salvar o Egito em favor de cristãos e muçulmanos. Necessitamos da oração de todos para solucionar nossos problemas. É o futuro de nossos filhos que está em jogo aqui, para que bons cristãos e muçulmanos possam conviver em paz.” Dom Joannes Zakaria

Governos do Ocidente foram alvos das críticas de um dos principais líderes religiosos egípcios, o Bispo Católico Copta, Kyrilos William, que fez um convite para que todo o povo do Egito coopere com o novo regime, a fim de desarticular os extremistas responsáveis por uma onda de terrorismo que já ocasionou atentados contra quase 80 igrejas e outros centros cristãos coptas.

Dom Kyrillos William Samaan, Bispo Católico Copta de Assiut, declarou que muitos cristãos, principalmente na região mais afetada, a província de Minya (no Alto Egito), não se atrevem a sair de suas casas depois de 48 horas de fúria anticristã na última semana, provocada pelos simpatizantes do Presidente deposto Mohamed Mursi.

O Bispo Kyrillos reagiu assim às informações enviadas por outro Bispo Católico Copta, Dom Joannes Zakaria, que descreveu como foi “salvo” pela polícia. Esta impediu que os islamitas incendiassem sua casa em Luxor durante as violentas manifestações, que levou as comunidades cristãs desta região — incluindo o Bispo, sacerdotes, religiosas e leigos — a se trancarem dentro de suas casas.

O Bispo Kyrillos explica como, desde a terça-feira passada, 13 de agosto, cerca de 80 igrejas, conventos, escolas, clínicas e outros lugares cristãos foram atingidos pelos radicais islâmicos; ademais, o Bispo criticou o Ocidente por não reconhecer a magnitude dos ataques a comunidades inocentes por parte de membros da Irmandade Muçulmana, que reivindicam a volta do presidente Mursi e uma constituição baseada no islamismo extremista.

Em uma entrevista à associação católica internacional Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) o Bispo Kyrillos declarou: “Os governos ocidentais falam de direitos humanos. E é verdade, estes grupos têm direito a se manifestar, mas não com armas. Os governos ocidentais não enxergam a realidade do que está acontecendo aqui. Um grupo de terroristas está usando armas contra nós. (Os governos ocidentais) não deveriam apoiá-los”.

Seus comentários vêm à luz junto de uma declaração emitida pelo Patriarca Católico Copta de Alexandria, o Bispo Ibrahim Sidrak, nesta segunda-feira, 19 de agosto, na qual este expressava, falando pelos cristãos do seu patriarcado, “nosso apoio livre, forte e consciente a todas as instituições do Estado, particularmente às Forças Armadas e à polícia em todos seus esforços para proteger nosso país”.

Tanto ele como o Bispo Kyrillos destacaram que muitos muçulmanos defenderam, ‘ombro a ombro’ com os cristãos, as Igrejas e outros edifícios coptas contra os ataques dos radicais islâmicos.

“Os membros de nossa comunidade têm um contato estreito com os muçulmanos ‘normais’, os muçulmanos moderados. Quando os fundamentalistas vieram atacar os cristãos da cidade antiga (referindo-se a Assiut), os muçulmanos os expulsaram com armas. Em outras cidades, cristãos e muçulmanos se uniram para proteger as igrejas passando o dia inteiro junto a elas”.

Todos os bispos fizeram um apelo à oração pela situação de todo o povo egípcio e pelos cristãos.

Em uma mensagem a Neville Kyrke-Smith, Diretor nacional da AIS no Reino Unido, o Bispo Zakaria escreveu: “Estamos dispostos a continuar sofrendo, a perder nossas igrejas, casas e até nossas vidas para salvar o Egito em favor de cristãos e muçulmanos. Necessitamos da oração de todos para solucionar nossos problemas. É o futuro de nossos filhos que está em jogo aqui, para que bons cristãos e muçulmanos possam conviver em paz”.

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