A Fundação Pontifícia ACN inicia sua campanha de quaresma dedicada a Índia, onde em alguns estados do norte a pobreza atinge um a cada três habitantes. Pobreza e riqueza estão lado a lado, em um duplo sentido. Grande parte da população é considerada dalit – os sem-casta, completamente excluídos e subjugados.

“Mas é justamente aqui que uma Igreja viva está crescendo, com uma profunda experiência de fé que liberta as pessoas do seu isolamento”, afirma Veronique Vogel. Vogel é responsável da ACN pelos projetos para a Índia e regularmente está no país. Praticamente todos os membros dessa Igreja que cresce são dalits, ou pertencem à grupos étnicos tribais.

Admirados por pessoas comuns, ameaçados por extremistas

Sempre que eles passam pelas ruas em procissão, despertam a atenção dos outros: alguns respondem com admiração ao gesto de fé tradicional na Igreja Católica – os indianos são profundamente espirituais –, mas há grupos radicais que demonstram hostilidade. Esses grupos foram sujeitos a incitamento político e, desde as últimas eleições, ameaçam em particular aos cristãos. Em alguns lugares atacam escolas coordenadas por instituições da Igreja; usam o nacionalismo hindu extremo para criar uma atmosfera hostil e marcar os cristãos como inimigos da sociedade indiana.

“A liberdade de religião garantida pela constituição da Índia está sendo corroída passo a passo. A minoria cristã local precisa urgentemente de apoio”, ressalta o presidente executivo da ACN, Johannes Freiherr von Heereman. O Relatório de Liberdade Religiosa publicado pela ACN cita representantes do Conselho das Minorias do Sul da Índia, afirmando que há evidências de uma política de direita que “tem um desejo de esmagar todos os direitos fundamentais das minorias. O Governo está trabalhando contra as mulheres e contra as minorias, o que está levando o país a retroceder”.

Em sua nova campanha a ACN está sensível a este problema, apoiando projetos que dão suporte aos mais pobres dos pobres para que possam viver sua fé e se desenvolverem com dignidade. “No projeto ‘Pequenas Comunidades Cristãs’, por exemplo, os participantes recebem um incentivo tal que, por meio de seus próprios esforços, encontram novas perspectivas para suas vidas”. Para os membros da Igreja, que estão no nível mais baixo da sociedade, essas “pequenas comunidades cristãs” formam redes vitais. “Afinal, a fé deles está sendo fortemente testada”, informa a responsável pela Índia da ACN. “Nosso desafio é nos unir a eles no amor cristão”. Os testemunhos de três mulheres – Bita, Swetha e Asha – permitem ver como a fé impacta a vida dessas pessoas.

Desde meados dos anos 70 a ACN comprometeu-se em apoiar projetos pastorais de longo prazo no país com a segunda maior população do mundo. “Agora, isso é mais importante do que nunca, porque a situação da Índia tem mudado de modo preocupante”, acrescenta Heereman.

 

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