Atacar “a feia maré de corrupção” do governo da Nigéria, é o que afirma bispo católico referindo aos desafios que o novo governo do país irá enfrentar após a eleição.

Em mensagem enviada à Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (AIS), Dom Matthew Hassan Kukah, Bispo de Sokoto, na Nigéria, disse que o próximo parlamento terá de lidar com questões urgentes que desestabilizam a nação. “Anos de corrupção diminuíram o senso de lealdade para com o Estado nigeriano”, afirma. Segundo o bispo, o novo presidente precisa “reunir os cidadãos em torno do projeto de uma identidade nacional e da unidade nacional.”

De acordo com Dom Kukah, grandes riquezas provenientes de recursos naturais da Nigéria se concentram nas mãos de poucos. “Apesar dos enormes recursos que a nação recebeu das vendas de óleo, não chega quase nada na vida dos cidadãos comuns.” E acrescenta: “A hemorragia incontrolável de recursos levou à onipresença da miséria entre o povo.”

Ele pediu que os vencedores da eleição canalizem recursos para a educação, a criação de emprego e a agricultura.

Dom Kukah advertiu que o grupo terrorista Boko Haram havia aumentado as tensões entre grupos religiosos. “A violência tem reduzido muito da boa vontade dos vários grupos étnicos, o que aprofundou ainda mais a fratura entre cristãos e muçulmanos.”

Chamando a atenção para os recentes ataques do Boko Haram, Dom Kukah afirma: “Em Sokoto onde eu vivo, assim como na maioria das cidades do norte, temos assistido nos últimos meses a um enorme êxodo de cidadãos, alguns fora do país, outros para suas regiões de origem em diferentes partes do país”. Esse êxodo tem acontecido desde antes do Natal, segundo conta. “Isto é resultado das experiências ruins que têm sido associadas a algumas das piores formas de violência na Nigéria.”

Há temores de uma repetição da violência que se seguiu à eleição de 2011, quando 800 pessoas foram mortas em apenas três dias, e muitas igrejas, empresas e casas foram destruídas. “Infelizmente, o governo federal não fez quase nada para corrigir esses problemas. Ninguém foi processado e, com exceção de alguns casos, ninguém recebeu compensação do governo federal pelas propriedades perdidas.”

Mas o prelado está otimista quanto a essas eleições, que estão programadas para o dia 28 de março. “Os nigerianos estão se aproximando das eleições com algum otimismo, emoção, mas profunda cautela e até mesmo temor. No seu conjunto, os cidadãos comuns estão esperançosos de que podemos realmente ter eleições bem sucedidas e pacíficas.”

Dom Kukah ainda ressalta e parabeniza os esforços para repelir a recente incursão do Boko Haram mais ao sul antes do dia da votação. “Nós também somos incentivados a concentrar esforços para acabar com a violência e temos o prazer de observar a colaboração internacional.”

A AIS tem enviado ajuda emergencial para as famílias deslocadas e para os sacerdotes da
Diocese de Maiduguri, que hoje são abrigados pela Diocese de Yola.

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