Oficialmente os separatistas pró-russos, com base em torno de Donetsk e Lugansk, estão em trégua com o exército ucraniano. Isso, pelo menos, é o acordo feito entre os governos em Kiev e Moscou, como resultado da mediação internacional. Porém, em Mariupol, no leste da Ucrânia, a realidade é muito diferente.

“Estamos sendo acordados à noite por explosões. A luta continua apesar da trégua. As pessoas se sentem totalmente desamparadas e entram nas igrejas, rezando e chorando.” Assim relata padre Leonard ao telefone à Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (AIS). “Por favor, escrevam sobre isso”, acrescenta o religioso, que tem intenção de permanecer na cidade, assim como padre Pavel, também da congregação Paulist (congregação católica fundada nos Estados Unidos). “Talvez as pessoas acreditem em um padre que tem visto e testemunhado por si só o que realmente está acontecendo aqui.”

Mariupol, uma cidade industrial e portuária, situada a menos de 50 km da fronteira com a Rússia, é o lar de cerca de meio milhão de pessoas. Antes da guerra civil, praticamente tudo produzido lá era exportado para a Rússia. Agora, os portões das siderúrgicas e fábricas estão fechados e as pessoas não têm mais nenhum trabalho. Em vez disso estão lutando.Acredita-se que os separatistas pró-russos querem aprender a cidade a fim de criar um corredor até a península da Criméia, que foi anexada pela Rússia apenas alguns meses atrás.

Padre Leonard afirma: “somos pastores e estamos preocupados com as pessoas aqui, tanto civis como soldados. Nós ouvimos confissões, celebramos a Santa Missa, distribuímos alimentos, roupas e medicamentos.” A AIS já enviou ajuda à diocese de Kharkiv-Zaporizhya, para cobrir as necessidades mais urgentes. Dom Jan Sobilo, bispo auxiliar da diocese onde se situa Mariupol, também telefonou à AIS para confirmar que “com esse dinheiro, somos capazes de ajudar às necessidades mais urgentes; estamos comprando roupas e medicamentos, entre outras coisas, e estamos ajudando a fornecer cuidados médicos para as pessoas.”

Padre Pavel também está preocupado com a situação dos soldados ucranianos, que estão sendo forçados a viver em circunstâncias muito difíceis. “Eles são mal equipados e vivendo em trincheiras”, acrescenta. “Eles vêm para a confissão em busca de apoio espiritual, para tentar fazer contato com os seus familiares e por para enviar fotos deles para suas mães e esposas”.

As condições de vida são difíceis e a luta é conduzida com a maior ferocidade, segundo confirma padre Pavel. Por exemplo, serão realizados os funerais de 55 jovens soldados cujos corpos não podem ser identificadas com exatidão devido a forte mutilação. Padre Leonard acrescenta: “Os cristãos estão orando pela paz. Cerca de mil pessoas participaram de uma marcha ecumênica pela paz em Mariupol. Todo mundo quer ver o fim da luta.”

As pessoas da cidade estão preocupadas e com medo, padre Leonard acrescenta. Eles evitam certas áreas da cidade com medo de atiradores. Da mesma forma, o religioso em seus hábitos brancos tem que ter cuidado para onde vão, se não quiser se tornar alvos. Eles só usam seus carros para a distribuição de pacotes de ajuda, pois têm medo de que eles possam ser confiscados. Ao mesmo tempo suprimentos limitados chegam à cidade. Embora o inverno esteja se aproximando, eles ainda enfrentam a perspectiva de racionamento de energia elétrica e gás, já que a Rússia cortou o fornecimento.

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