Procurar uma lista telefônica: foi esse o começo para o primeiro sacerdote católico que chegou à Sibéria oriental após as mudanças,em 1991. Muitos de seus antecessores tinham sumido nos gulags. Na lista, o missionário vindo da Polônia procurou nomes poloneses. Foi a primeira pista para chegar aos católicos clandestinos. Dessa forma ele encontrou Valentina, uma velha catequista que, arriscando a vida, tinha ensinado a fidelidade à Mãe Igreja.

Este é apenas o editorial do Boletim de Julho de 2009.
Você pode baixar o boletim na íntegra ao final deste texto (anexo).

 

Ela plantava nos corações a fé na Eucaristia e nos sacerdotes,aqueles que tornam possível a Eucaristia. Mas ela mesmanunca tinha assistido a uma celebração eucarística. Ela tinha fome e sede do Pão e do Vinho da Vida. O exemplo de Valentina foi uma das lições mais contundentes e inesquecíveis para a minha vida sacerdotal. Desde a minha ordenação eu posso dizer, de coração tremulante: “Eu te absolvo de todos os teus pecados.” Essa consagração me permite apoderar-me da Pessoa de Cristo e, com inaudita confiança em Deus, dizer: “Isto é o meu Corpo, este é o meu Sangue”. Obrigado, Valentina!

Obrigado a todos vocês, católicos da Sibéria! Cheia de gratidão a obra do Pe. Werenfried lhes envia sua ajuda. A imagem de Valentina me acompanha nessas semanas, desde que Bento XVI proclamou o “Ano Sacerdotal”, na festa do Sagrado Coração de Jesus. O sacerdote não é como um meteorito caído de algum outro planeta. Cada vocação nasce numa família, escola, movimento, paróquia. Todos esses espaços de fé são o seio onde vai amadurecendo o coração de um jovem que decide identificar-se com Cristo, o Sumo Sacerdote. Às vezes a vocação também cai do céu como um raio: em dias de retiro, numa adoração ao Santíssimo, numa consagração a Maria. Mas sempre existe um contexto social e eclesial. Para um novo florescimento do sacerdócio e das vocações na Igreja precisamos reforçar esse chão, para o Espírito Santo poder fecundá-lo com o seu orvalho. A Congregação para o Clero em Roma conhece muito bem o chão em que podem vingar as vocações sacerdotais. Por isso convoca para um reavivamento da adoração ao Santíssimo como melhor prolongamento da celebração eucarística, e para um novo reconhecimento da importância das mulheres: sejam elas mães cujos filhos foram ordenados ou se preparam para a ordenação, sejam elas mulheres consagradas como esposas a Cristo. Que cultivem a adoração eucarística e se entreguem ao Cristo na oração e num amor disposto ao sacrifício, para que comece uma nova primavera de sacerdotes santos e de espírito missionário.

Valentina, quando ainda jovem, esteve presa num gulag. Já idosa, participou da primeira celebração eucarística na sua cidade. Na Missa celebrou a sua primeira comunhão. Beijou as mãos do sacerdote pelo qual ela tinha rezado durante décadas sem ver nada, esperando tudo. Vamos viver o Ano Sacerdotal como essa mulher fiel e agradecida.

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