“A cruz não é uma maldição, mas uma bênção. Ela pertence à essência do cristianismo. Cada um de nós deve reviver a vida de Cristo na terra. Por isso a nossa missão consiste não só no anúncio da sua Boa Nova e na concretização de seu amor pelas pessoas, mas sobretudo na participação do seu sacrifício na cruz, que Ele oferece até o fim dos tempos.” Padre Werenfried van Straaten (1913-2003)

Este é apenas o editorial do Boletim de Abril de 2014.
Você pode baixar o boletim na íntegra ao final deste texto (anexo).

 

Estes dias da Quaresma estão associados aos quarenta dias de Jesus no deserto e são marcados pela lembrança da luta contra o tentador. No deserto, Jesus é alimentado pela Palavra de Deus, superando, assim, as tentativas do diabo de enganá-lo, optando pela vontade do Pai: a nossa redenção mediante a paixão e morte na Cruz.

Durante este tempo, também nós queremos encontrar a força e a alegria na Palavra de Deus, para seguir o Senhor em seu caminho. Só quem compreendeu o mistério do sofrimento por amor conhece a fonte e a extensão da força e da alegria cristã. É da cruz que nos jorra a força de que precisamos para prosseguir de modo coerente a cada dia na família, nos ambientes de trabalho, na relações com os nossos próximos, e para testemunhar a fé em Cristo por meio de boas obras.

É particularmente na celebração da Eucaristia que deparamos com o insondável mistério da Cruz. É ali, no Pão vivo, que podemos acolhê-lo em nós. Na presença eucarística de Jesus nós também nos tornamos mais conscientes de que somos pobres pecadores. Reconhecemos a nossa fraqueza e as nossas feridas. Mas o fato de nos tornarmos conscientes da nossa condição de pecadores não deve levar-nos ao desencorajamento e à resignação. Pelo contrário: o sofrimento e a entrega até à morte na cruz acendem em nós uma nova confiança no amor misericordioso de Deus, que quer nos atrair como um ímã para o abraço do perdão. O tempo da Quaresma é totalmente permeado pela comoção e gratidão diante da bondade e da ternura incomparável do nosso Deus que, no Senhor crucificado, chama a si o pecador, renovando-o por meio do arrependimento e da penitência.

Procuremos, portanto, viver conscientemente esse tempo sob o sinal da Cruz. Da Cruz recebemos bênção e salvação. Diante da Cruz, Satanás tem pavor, pois ela nos conduz ao caminho do arrependimento e da conversão. Portanto, vamos viver esse tempo de retorno, de conversão de tal modo que possa desembocar numa sincera confissão sacramental. Só ela pode transformar de modo radical o desânimo, a tristeza e o remorso naquela alegria transbordante que caracteriza a vida da graça. Aceitemos de bom grado também as pequenas cruzes de cada dia, pois elas nos tornam participantes do amor do Crucificado. O beneditino belga Paul de Moll, um santo homem, disse, um dia: “Se soubéssemos o quanto é grande a graça que Deus nos dá quando nos confia uma cruz, consideraríamos um martírio não ter uma cruz.”

Ao aproximarmo-nos da Cruz, não nos esqueçamos de cercar de amor de modo especial toda aquela parte da Igreja que traz em si as chagas ensanguentadas do Redentor. Coloquemos no Coração da Mãe das Dores – daquela que Jesus, do alto da Cruz, entregou a todos nós como Mãe – os perseguidos, os sofredores, mas também todos aqueles que ainda não conhecem o amor de Deus.

Abençoa-os

Cardeal Mauro Piacenza
Presidente da Ajuda à Igreja queSofre

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