“Felizes os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino dos Céus”, (Mt 5,10)

 

PRIMEIRA ESTAÇÃO: JESUS É CONDENADO À MORTE

“…Pilatos entrega Jesus para que seja crucificado” (Mt 15,15)

 

Um inocente é condenado à morte. Que injustiça! Senhor, nossas famílias se sentem próximas ao seu sofrimento, pois elas são também vítimas inocentes. Pela violência e perseguição elas foram forçadas a abandonar os seus lares, escolas, paróquias, bairros, vizinhos, amigos, para viver em campos de refugiados na miséria e indiferença. Pilatos ainda está por aí, alimentando a injustiça. Senhor, iluminai a mente destes “juízes” e fazei de nós mensageiros da justiça. Amém.

SEGUNDA ESTAÇÃO: JESUS CARREGA A CRUZ

“Fizeram-no sair para ser crucificado” (Mt 15,20)

 

Jesus é entregue aos soldados. “Nada do que foi feito, se fez sem Ele” (Jo 1,3). Jesus abaixa a cabeça e caminha, humilhado, indefeso, carregando a sua cruz. Senhor Jesus, a força do mal continua arrasando e destruindo. Tu, Senhor, que te identificastes com os mais fracos, olhai para nossas familias debilitadas, humilladas e expulsadas pela violência. Elas, como tu, são vítimas da injustiça. Dai-lhes forças para que possam carregar a cruz e conservar a fé e a esperança em ti. Amém.

TERCEIRA ESTAÇÃO: JESUS CAI PELA PRIMEIRA VEZ

“Ele foi transpassado por nossas rebeldias e triturado por nossas iniquidades” (Is 53,5)

 

Aquele que trouxe paz para o mundo foi ferido por nossos pecados e caiu sob o peso de nossas faltas. Senhor, somos esmagados pelo peso de nossa cruz e da grande desolação que nos rodeia. Grande é o nosso egoísmo e a nossa fraqueza, que nos arrastam para baixo. Fortalecei-nos, Senhor e levai nosso espírito até a sua verdade. Amém.

QUARTA ESTAÇÃO: JESUS SE ENCONTRA COM A VIRGEM MARIA

“Uma espada te atravessará o coração” (Lc 2,35)

 

Ferido e sofrendo enquanto carrega a cruz da humanidade, Jesus se encontra com sua Mãe. E em seu rosto Ele vê toda a humanidade. Deste sofrimento mútuo entre mãe e filho, nasce uma nova humanidade. Oh, Maria, Mãe de Deus, tu que vistes teu próprio Filho sofrendo, ajudai as mães que não podem estar com seus filhos, os quais sofrem e morrem completamente sós e longe delas. Em nossas vidas cotidianas, pais e filhos sofrem mutuamente. Ajudai-nos, Senhor, a transformar nossas famílias e pátrias em espaços de serenidade e amor à imagem da Sagrada Família. Amém.

QUINTA ESTAÇÃO: O CIRINEU AJUDA JESUS A CARREGAR A CRUZ

“Puseram a cruz sobre ele para que a carregasse atrás de Jesus” (Lc 23,26)

 

Este encontro silencioso entre Jesus e Simão de Cirene é uma lição de vida. Dois olhares que se cruzam e que falam muito. O sofrimento acolhido com fé leva a um caminho de salvação… Senhor, nossas famílias foram abandonadas em meio à sua desgraça. Elas esperam que tu coloques à sua disposição alguma mão, algum coração, algum Simão de Cirene, que as ajude em sua travessia pelo deserto. Amém.

SEXTA ESTAÇÃO: VERÔNICA ENXUGA O ROSTO DE JESUS

“Eu busco o teu rosto, Senhor, não o afastes de mim” (Sl 27,8-9)

 

Verônica faz um gesto simbólico muito forte. Ela vem para enxugar a dor do teu rosto. Foi um gesto de fé que exprime o amor dela por ti. Este rosto ficou impresso no pano, segundo a tradição cristã. Quem irá enxugar os rostos feridos de nossos irmãos e de nossas mães que choram por seus filhos e por sua desgraça? Fazei, Senhor que vejamos o teu rosto no dos pobres perseguidos e no das vítimas inocentes da violência e da injustiça. Amém.

SÉTIMA ESTAÇÃO: JESUS CAI PELA SEGUNDA VEZ

“Não fique longe, pois o perigo se aproxima e não há ninguém para me socorrer (Sl 22,8-12)

 

Esta segunda queda, sob o peso da cruz, é sinal do isolamento em meio ao sofrimento. A injustiça e o sofrimento arrastam o povo humilde para o abismo. O vosso isolamento se une ao isolamento dos mais pobres, vítimas do egoísmo mundial. Vem Espírito Santo para consolar, fortificar e semear esperança nos corações dos oprimidos, para que, unidos a Cristo, eles sejam testemunhas do seu amor universal. Amém.

OITAVA ESTAÇÃO: JESUS CONSOLA AS FILHAS DE JERUSALÉM

“Filhas de Jerusalém, não choreis por mim! Chorai por vós e por vossos filhos” (Lc 23, 27-28)

 

Estas mulheres não enxergam na cruz um sinal de maldição. Mas o Senhor a vê como um meio de redenção, para limpar os pecados e consolar os oprimidos. Ele abriu os olhos das mulheres para a verdade pascal. Senhor, nossas mães feridas e abandonadas em seu sofrimento, precisam do teu consoloe conforto. Oh, Senhor, que vós sejais a paz e o bálsamo para as nossas feridas. Amém.

NONA ESTAÇÃO: JESUS CAI PELA TERCEIRA VEZ

“E Ele morreu por todos a fim de que os que vivem, não vivam mais para si mesmos, mas para aquele que morreu e ressuscitou por eles”. (2Co 5,15)

 

Pela terceira vez Jesus cai sob o peso da cruz e apesar de lhe faltar forças, tenta continuar. Senhor, este povo humilde debilitado e esgotado, tenta em vão reunir forças para seguir adiante. As nossas divisões são profundas… as da Igreja também. As divisões da Igreja se afastam da filiação divina. Senhor, ajudai-nos a nos fortalecermos e a avançarmos pelos caminhos da unidade e do perdão, que são consequência dos teus sofrimentos redentores. Amém.

DÉCIMA ESTAÇÃO: JESUS DESPOJADO DE SUAS VESTES

“Eles dividiram entre si as minhas vestes e sortearam a minha túnica”. (Sl 22,19)

 

Senhor, tu carregastes a humanidade, as numerosas vítimas da violência cega estão indefesas e nada mais podem fazer do que se unir ao sofrimento libertador do teu amor infinito. Senhor, concedei aos nossos pobres refugiados, despojados devido a tantas dificuldades, que eles possam vencer o medo e permanecer nesta terra santa que se esvazia dos seus últimos cristãos, que são testemunhas da tua palavra. Ensina-nos, Senhor, a nos distanciarmos dos bens materiais para vivermos na vossa pobreza evangélica. Amém.

DÉCIMA PRIMEIRA ESTAÇÃO: JESUS É CRAVADO NA CRUZ

“Pilatos redigiu uma inscrição que dizia: ‘Jesus Nazareno, rei dos judeus’ e a fez colocar sobre a cruz” (Jo 19,19)

 

Senhor Jesus, tu que fostes crucificado na cruz por nossos pecados, cada golpe contra vós ressoa em nossos corações. Nossos filhos são martirizados e selvagemente sacrificados numa violência sem sentido. Estes jovens oprimidos estão muito proximos do teu calvário. Senhor, que o teu sofrimento redentor liberte a estes jovens e a estas famílias da escravidão a que elas estão submetidas, para que possam descobrir o teu rosto divino. Amém.

DÉCIMA SEGUNDA ESTAÇÃO: JESUS MORRE NA CRUZ

“Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito” (Lc 23,46)

 

Este grito de abandono quebra o muro de silêncio e abre caminho para a liberdade. Todo o sentido da cruz adquire valor através deste sofrimento salvífico. Estas vítimas inocentes não morreram em vão. Com a tua morte, Senhor, vós abristes as portas da vida eterna. A morte não irá nos derrotar, mas nos introduzir na ressurreição. Senhor, abri os corações dos que colocam em perigo a vida de outros. Fazei com que eles descubram o valor da vida humana, reflexo da tua divindade. Amém.

DÉCIMA TERCEIRA ESTAÇÃO: JESUS NOS BRAÇOS DE SUA MÃE

“Ele disse ao seu discípulo: ‘Eis aí sua mãe'” (Jo 19,27)

 

Senhor Jesus, quem te ama fica ao teu lado. Maria é o modelo deste amor, é o modelo de nossa fé. Oh Maria, nossa mãe, em tuas mãos encomendamos os nossos mártires, os refugiados, os torturados pela injustiça, pelo ódio e pela exclusão. Querida mãe, te confiamos em vossas mãos os nossos filhos sem escolas, os nossos doentes sem assistência, os nossos refugiados sem teto. Fazei, Senhor, com que o sangue das vítimas inocentes seja a semente de uma nova sociedade fraterna, pacífica e mais justa. Amém.

DÉCIMA QUARTA ESTAÇÃO: JESUS É COLOCADO NO SEPULCRO

“Então tomaram o corpo de Jesus e o envolveram em panos” (Jo 19,40)

 

Bem aventurado seja Nicodemos, que recebeu o Corpo de Jesus, envolvendo-o numa mortalha e o colocou no túmulo. Jesus crucificado se coloca inteiramente nas mãos dos homens e perfeitamente unido a eles. Com efeito, pela morte de Cristo, nós somos enterrados com Ele e a vida nova brota para nós do túmulo. De nossos tenebrosos túmulos, Senhor, fazei brotar a luz da ressurreição. Concedei-nos, Senhor, a graça de escolhermos a tua via Crucis libertadora e de conservarmos firmes a fé e a esperança. Senhor, fazei de nós filhos da luz que já não tenham medo das trevas. Fazei, Senhor, que nossa via Crucis nos leve ao perdão, à reconciliação e à paz, tal como o Ressuscitado. Amém.

 

ORAÇÃO FINAL DE SÃO JOÃO PAULO II

Ouvi minha oração, ó SENHOR, quando eu vos peço para colocar nos corações de todos os humanos a sabedoria da paz, a força da justiça e a alegria da amizade. Ouvi minha voz porque eu vos falo em nome de uma multidão que em todos os países e épocas não deseja a guerra e continua a lutar pela paz. Ouvi minha voz e dai-nos força para responder ao ódio com amor, a injustiça com total dedicação à justiça e a miséria com partilha. Ouvi minha voz, ó DEUS, e concedei ao mundo – e em especial ao Oriente Médio – a vossa paz eterna…

COMISSÃO EPISCOPAL SÍRIA PARA A FAMÍLIA
Original em francês pelo arcebispo Dom Samir Nassar de Damasco, Síria

 

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