Passando praticamente despercebida pela opinião pública internacional, na República Centro-Africana um novo drama de perseguição dos cristãos está em pleno desenvolvimento. Segundo informação enviada por fontes eclesiásticas centro-africanas à Ajuda à Igreja que Sofre (AIS), os locais de missões e as igrejas foram saqueadas, destruídas e até mesmo incendiadas por tropas favoráveis ao novo Governo do auto proclamado presidente Michel Djotodia, líder da coligação rebelde Séléka.

Toda resistência é suprimida sem compaixão. Vários cristãos foram assassinados ou feridos. As nove dioceses do país foram afetadas, sete delas de modo particularmente grave. Trata-se das dioceses de Alindao e Bangassou. Segundo fontes da AIS, estas dioceses “perderam tudo” e não têm como ajudar nem mesmo os mais necessitados. Os bispos em particular estão em situação de risco, mas se negam a abandonar os seus fiéis. Muitos cristãos fugiram para o campo e não se atrevem a voltar às suas casas por medo de encontrar-se com os rebeldes. As milícias pertencem ao movimento muçulmano Séléka, procedem do norte do país e estão fortemente armadas.

Em janeiro deste ano, a Ajuda à Igreja que Sofre enviou, através de canais seguros, uma ajuda de emergência à diocese da Kanga Bandoro. Diante da situação de extrema emergência, a ajuda foi ampliada: outras quatro dioceses estarão recebendo uma ajuda imediata. “Neste instante é impossível cogitar a reconstrução das igrejas e das casas, ou tentar conseguir novos veículos para repor os que foram roubados pelos rebeldes; trata-se simplesmente de uma questão de sobrevivência”, afirmam as fontes à AIS.

Por parte dos bispos católicos da República Centro-Africana, Dom Albert Vanbuel, presidente da Comissão Episcopal Justiça e Paz e bispo diocesano de Kanga Bandoro, informou em um comunicado a chegada ao poder do líder rebelde Michel Djotodia, ressaltando que as perdas humanas, traumas e transtornos causados por elementos do Séléka “continuam a matar pessoas todos os dias”.

No comunicado, Dom Vanbuel sublinha como os cristãos foram particularmente afetados nos conflitos armados dos últimos dias e pede aos membros do novo governo instalado que todos os responsáveis pelos abusos sejam levados aos tribunais, e que haja reparação e compensação para as vítimas.

“A Comissão Episcopal de Justiça e Paz conta com a responsabilidade das novas autoridades do país e seu senso de patriotismo para conscientizar-se da crise que fragiliza a coesão social”, afirma também o texto assinado pelo prelado neste último 05 de maio.

“Em conclusão, a República Centro-Africana não merece a situação em que está atualmente” diz o texto do comunicado da Comissão Justiça e Paz e conclui com um pedido para “que irmãos e irmãs centro-africanos se voltem para Deus, para o amor, a paz e a misericórdia”.

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Um comentário

  1. francinete 2 de junho de 2013 at 07:45 - Responder

    é lamentável como a comunidade se comporta diante de fatos “tristes” é como estivessem a fugir da realidade
    do sofrimento – mesmo que seja alheios . Digo porque já tentei incluir “amigos” da ais mas preferem dar ajuda aos
    pastores

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