Juína, região Noroeste do Mato Grosso, a 735 quilômetros de Cuiabá, divisa do estadodo Amazonas e Rondônia. Um acidente de automóvel, que vitimou uma jovem mãe e sua filhinha, deixou um pai viúvo com duas crianças. Sensibilizados com a situação da família, a AME (Associação Ministério de Esperança), uma funerária comunitária criada pela Diocese de Juína, foi acionada para seu primeiro atendimento. Ainda sem o total preparo, mas com toda a boa vontade, os voluntários foram ao serviço. Uma parte da equipe prestou conforto e apoio ao viúvo, outros foram em busca das urnas funerárias. Um trabalho difícil, com pouca estrutura, mas marcado pela emoção. Diante das precárias condições financeiras, a AME realizou o funeral sem custo algum. O viúvo é homem de fé e depois se tornou voluntário nos trabalhos da equipe.

A ideia

Antes da AME só havia uma funerária em Juína, cujos preços eram muito elevados. “Pessoas perdiam seus bens na hora de sepultar um ente querido, até a terra perdiam, sem contar os maus-tratos e a falta de preparo”, de acordo com o testemunho das pessoas ligadas às famílias – conta Dom Neri José Tondello, bispo de Juína. A ideia de uma nova funerária surgiu quando o primeiro bispo da diocese, Dom Franco Dalla Valle, percebeu que precisava agir em socorro do povo, atuando não só nas situações da vida, mas também na hora da morte. Ele idealizou uma funerária comunitária que se esforçasse para diminuir ao máximo os gastos com o sepultamento – já que contaria com a mão de obra voluntária. Além disso, era prioridade oferecer um atendimento humanizado, confortando com a esperança cristã àqueles que a chegada da morte de um familiar entristece.

Enquanto ele progredia na elaboração do projeto, chegou a hora da sua própria despedida. Dom Franco faleceu no dia 2 de agosto de 2007, antes de concluir esse sonho. Mas a obra não parou, graças à disponibilidade dos voluntários. Quando Dom Neri José assumiu a diocese de Juína estabeleceu como uma das principais metas continuar os projetos de seu antecessor, Dom Franco. Com a ajuda da ACN, a funerária foi um dos primeiros a sair do papel e assim nasceu a AME.

Funcionamento da funerária comunitária

No início os voluntários se dividiam em todas as funções para atender as necessidades que surgiam. Famílias carentes, indigentes, comunidades indígenas, todos eram atendidos com amor e respeito pela associação. Aos poucos a excelência do trabalho da AME foi reconhecida não apenas pelos moradores de Juína, mas também das cidades vizinhas que vinham em busca de seus serviços. Mesmo as pessoas com mais condições financeiras passaram a optar pela AME por conta do serviço humanizado. Isso despertou também perseguição daqueles que há anos lucravam – muito além do justo – com a dor alheia. Não foi nada fácil no começo. Desconforto, mal-estar, algum tipo de perseguição aos voluntários. Mas nunca se desistiu de acreditar no projeto.

A razão da AME existir não é meramente profissional, mas principalmente transmitir a paz e a esperança na ressurreição àqueles que chegam para velar um amigo ou parente. O espaço da associação conta com quarto para pernoite, sala de descanso para os familiares, refeitório e lanche. Até os ornamentos fúnebres básicos são usados sem custo algum. A ideia de Dom Franco deu tão certo que já se expandiu para outras cidades como Aripuanã e Colniza.

Apoio da ACN

A AME é uma obra de misericórdia que se concretizou também com a ajuda da ACN. Por meio dos seus benfeitores, a fundação apoiou a reforma do espaço onde está sediada a AME e na compra de uma caminhonete para transportar as urnas. Graças ao empenho de tantos envolvidos, a exploração de antes deu lugar à esperança e acolhimento por pessoas que, voluntariamente, fazem seu trabalho com amor e dedicação ao próximo.

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4 Comentários

  1. Ademir Da Guia Vicenssotti 25 de fevereiro de 2020 at 13:29 - Responder

    Ola,momento dificil para familiares,mas um bom recurso que vem voluntario em momentos como esse,agora é vez de Juruena adotar,bem vinda AMEJUR.

  2. Francisca Gecilda Alves Bernardo 23 de fevereiro de 2020 at 15:08 - Responder

    É de grande manifestação do amor essa associação. Nasceu no coração de um grande religioso Dom Franco que está descansado ao lado de Deus. E seus missionários e discípulos realizou o grande sonho deste Mestre.

  3. Natalha 22 de fevereiro de 2020 at 20:03 - Responder

    Isso que chamo Amor pelo próximo,e parabéns vcs são missionários de Cristo .

  4. Maria dos Santos de Assis 22 de fevereiro de 2020 at 16:34 - Responder

    AME graças ao seu voluntário e empenho de tds torna o acolhimento as famílias
    A AME
    E na minha opinião deveria ficar com a casa da SAUDADE MAS PERTO DA IGREJA CENTRALIZADA E VOLTARA TER plano funerário

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